Quando, já a noite ia longa, no Marquês de Pombal, Pedro Gonçalves iludiu a marcação que ainda lhe faziam os que mais temiam qualquer desvario que pudesse vir a sair dali, pegou no microfone e, ainda que com alguma confusão nos versos, reinterpretou o mic drop de Ruben Amorim, acabaram as dúvidas acerca da natureza da equipa do Sporting que acabara de se sagrar bicampeã nacional. Este Sporting é uma cover e, como a todas as covers, falta-lhe a centelha dos originais. E no entanto todos vivemos noites boas a ouvir bandas especializadas em versões. Este Sporting não é o pior campeão de sempre, não é o mais forte entre os fracos, não é um grupo banal a viver exclusivamente do talento de Gyökeres, como têm metralhado os mais críticos da equipa que Rui Borges conduziu à praça central de Lisboa perante o apoio esfuziante de várias gerações que nunca tinham vivido a alegria de dois títulos consecutivos. O Sporting de 2024/25 ganhou em resiliência e adaptabilidade aquilo que perdera em charme e originalidade e foi campeão com méritos que ficaram bem à vista tanto no sublinhado feito pelo discurso de Pote, como pelo de Hjulmand, antes dele.
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Tremeu mas ganhou: o que se segue ao Sporting bicampeão?
O Sporting manteve a estrutura da equipa campeã e reforçou-se para garantir o bicampeonato. Depois de vários imprevistos e mudanças, acelerou para o título. O que virá agora? E como poderá ser um futuro sem Gyökeres?