Um resto de olho, um canto de boca, os nós da corda depositada sobre o chão, a armadura que desaparece da perna do cavaleiro, o cabelo que cresce no crânio descoberto do velho de joelhos, a mão que oferecia algo e agora agarra uma lança. Isto e muito mais é o tanto que surge nos “Painéis de São Vicente”, depois de retiradas camadas de verniz, sujidade e massa branca com chumbo à mistura.
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Mais de 550 anos depois, os painéis de São Vicente ainda têm segredos para contar
Memento mori: lembre-se que vai morrer, alerta a expressão em latim. Com centenas de ‘feridas’ abertas, os “Painéis de São Vicente” estão como que em carne viva. Parecem mortos. Mas vão renascer com novo esplendor. O maior restauro de que o retábulo já foi alvo atravessa o momento mais duro. Despidas de verniz e com o tempo à mostra, as misteriosas tábuas revelam o que nunca foi visto. Nem voltará a sê-lo