Alexandre O’Neill encontraria um título melhor. Pegaria, por exemplo, no verso de Camões sobre o desconcerto do mundo e passaria daí para algo desconcertante. Ao fazê-lo, introduziria uma musicalidade poética que não está ao alcance de qualquer um. Aliás, a música — ou melhor, a musiquinha — representa bem um modo de seduzir o leitor baseado na sonoridade das palavras. Também aqui, O’Neill seria capaz de dar uma explicação mais convincente, dispensando títulos e diplomas. De qualquer modo, como não passo de um leitor pouco ou nada especializado na sua obra, confesso a minha irritação frente à possibilidade de submeter a poesia dele a grelhas pomposas, pejadas de referências académicas.
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Desconcertante, pessoal e universal: bem-vindos ao reino de Alexandre O’Neill
O poeta nascido em 1924 foi desconcertante a vários níveis, mas sobretudo por ter permanecido alheio às literatices. Se os seus poemas estão cheios do seu eu, também buscam respostas para problemas de natureza social e política, literária e individual