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Da religião à perdição: retrato comentado de Braga, uma cidade singular

O improvável mapa da cidade que será Capital Portuguesa da Cultura em 2025

O caótico concerto dos Mão Morta no Theatro Circo de Braga, a 14 de maio de 1993, é exemplo do singular carisma da cidade
José Pedro Santa Bárbara

Cadeiras pelo ar, cortinas arrancadas, veludos desfeitos, lustres e apliques libertos da opressão que os mantinha devidamente aparafusados aos tectos e às paredes, invasões de palco cometidas pela plateia, invasões da plateia cometidas por quem se deveria manter no palco, equimoses democraticamente distribuídas, algumas originadas pelo caos, outras por pessoalíssimos picos de loucura. Criaturas a voar, desafiando a gravidade por alguns décimos de segundo, outras a rastejar, castigadas por essa mesma gravidade que não tem por hábito oferecer perdão aos atrevidos. Enfim, os relatos são variados, confusos, talvez exagerados e nem sempre coincidentes, excepto num ponto, sublinhado por todos os que estiveram, nesse dia 14 de Maio de 1993, no concerto dos Mão Morta em Braga: o delírio agiu fortemente na cabeça das pessoas, e os empreiteiros foram obrigados a agir ainda com mais força para conseguirem ressuscitar um clássico Theatro Circo parcialmente destruído.