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Terá o mundo pós-colonial acabado com os impérios?

Teria sido o projeto de criação de uma Euráfrica à maneira do senegalês Leopold Senghor (1906-2001) — onde muitos continuam a ver uma espécie de derrapagem neocolonial — uma melhor opção à situação a que se chegou em África? Mais tarde, na Conferência de Bandung, em 1955, ganhou forma um movimento contra os poderes coloniais e imperiais. Porém, a aquisição da soberania política formal não resolveu as desigualdades da economia mundial

Mammuth/Getty Images

Não sei bem como responder à pergunta que serve de título. Tenho dúvidas acerca das respostas simplistas, quase sempre apresentadas de modo taxativo: do retorno aos modelos da Guerra Fria, até aos “democratas” acérrimos defensores das causas de ditaduras. Por isso, começo por lembrar a minha convicção de que o passado não dá lições, nem obriga, embora também defenda que nenhum historiador se pode furtar à reflexão sobre os problemas do presente. É que, se historiadoras e historiadores não estiverem dispostos a tomar em mãos as questões contemporâneas — se não mostrarem curiosidade pelo mundo em que vivemos, refugiando-se em supostos estatutos de guardiões das tradições do passado —, correm o risco de deixar que o seu trabalho se submeta às lutas e aos quadros políticos do presente.