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Grande entrevista ao realizador Albert Serra: “Se não mostrasse a morte dos touros, o meu filme seria Cirque du Soleil”

“Tardes de Soledad”, primeiro documentário do realizador catalão num percurso de duas décadas, é um trabalho fulgurante, o monumental filme de tauromaquia de todos os tempos. Galardoado em San Sebastián, proporcionou-nos uma conversa em torno dos touros, da guerra e da natureza do ser humano, assim como do estado do mundo e da arte, 
tal como são vistos pelo cineasta de 49 anos

Carlos Alvarez/Getty Images

É um homem distinto e de finíssimo gosto, humorado e muito culto, fiel a valores familiares e culturais que adquiriu na pequena cidade natal de Banyoles, província de Girona, na Catalunha. Diz seguir uma divisa bonita: amar aqueles que o amam. Vive em Barcelona desde os estudos universitários, formou-se em Filologia Hispânica e Teoria da Literatura e, há 18 anos, foi paixão desde o primeiro instante nestas páginas, com a estreia em Cannes do quixotesco “Honra de Cavalaria”, interpretado por atores não-profissionais da sua terra. O festival francês lançaria quase todo o seu trabalho posterior, tornando-o no mais internacional cineasta espanhol contemporâneo depois de Almodóvar. Quando de Cannes se afastou brevemente, em 2013, com “História da Minha Morte”, sobre a figura de Casanova, foi a Locarno vencer o Leopardo de Ouro. Em setembro passado, novo louvor em San Sebastián: “Tardes de Soledad” conquistou a Concha de Ouro. Foi a primeira longa-metragem de Albert Serra a ter estreia mundial em Espanha, por expressa vontade do próprio. E é um filme ímpar sobre o mundo dos touros, pleno de riquezas e paradoxos, que na passada semana foi exibido no festival Porto/Post/Doc e que se deverá estrear em sala em Portugal no próximo ano.