Exclusivo

+E

Porque é que tantos atletas de topo teimam em fintar o apito final

Muitos atletas de alta competição parecem prolongar as suas carreiras para lá do razoável. Há dinheiro em jogo, sim, e a autoconfiança pode turvar a imagem que vemos de nós próprios no espelho. Mas a explicação mais forte para esta reticência na hora de dizer adeus é mesmo a perda de identidade, garantem os especialistas

Erick W. Rasco

O passado mês de outubro começou com duas despedidas que entram para a história: no dia 7, Andrés Iniesta, 40 anos, pendurou as chuteiras de futebolista; a 10, Rafael Nadal, 38 anos, deixou o ténis (embora com a promessa de ainda atuar na Taça Davis pela Espanha). O primeiro estava há seis anos longe do futebol europeu; o segundo era apenas 153º do ranking ATP na semana da sua retirada do circuito. O que leva estes atletas de topo, ícones das suas modalidades e ídolos dos adeptos, sem problemas financeiros conhecidos, a adiar o momento da reforma? Falta de noção da sua decadência competitiva? Habituados ao estatuto de super-humanos, terão eles dificuldades para enfrentar uma nova era como cidadãos comuns? Os especialistas colocam a resposta noutra dimensão, mais psicológica e íntima: quando um desportista de elite termina a carreira, enfrenta o fantasma da “perda de identidade”.