Vestir para a Revolução: como o 25 de Abril veio mudar a moda dos portugueses
Num país que resistia a uma ditadura, seguir as tendências servia de escape. Mas se o 25 de Abril rompeu os grilhões da opressão, desferiu também o “golpe de misericórdia” no bastião da moda artesanal, que não resistiu ao custo do primeiro salário mínimo, à irrupção do pronto a vestir e à contenção dos sinais de riqueza no modo de vestir imposto pelos tempos de convulsão revolucionária. Histórias e imagens de um tempo memorável
O 25 de Abril representou a explosão do prêt-à-porter e o fim de modistas, costureiras e até alfaiates, até aí donos da moda em Portugal. Esta imagem, captada em Lisboa no dia da Revolução, foi recentemente utilizada num outdoor do Bloco de Esquerda
Col Estúdio Horácio Novais/FCG – Biblioteca de Arte e Arquivos
A quatro anos da vitoriosa insurreição militar que instaurou a democracia em Portugal, estima-se que existissem em Lisboa 18.500 habitações clandestinas, as denominadas “barracas”, onde subsistiam 90 mil pessoas, e a pungente circunstância não era exclusiva da capital, em cujo distrito moravam em coabitação cerca de 11 mil, numa média de 2,6 famílias por fogo.