Passavam poucos minutos das 17h quando António de Oliveira Salazar se levantou da cadeira no púlpito da Assembleia Nacional e pegou num pequeno maço de folhas, que passou a ler diante dos deputados reunidos em sessão extraordinária. Tinha os olhos “embaciados de lágrimas”, mas ao mesmo tempo sentia um “íntimo contentamento de alma” pelo fim da guerra na Europa, firmado naquele dia, 8 de maio de 1945, pelas chefias do depauperado exército nazi e das tropas aliadas.
Exclusivo
O povo saiu à rua em 1945: como Portugal celebrou o fim da II Guerra Mundial (e aproveitou para pedir liberdade)
Relatórios e ofícios confidenciais, cartas particulares e cortes da Censura permitem reconstituir as celebrações pelo fim da II Guerra Mundial fora de Lisboa e perceber que foram também momentos de contestação ao regime. Do Algarve a Trás-os-Montes, as manifestações foram reprimidas e houve detenções, mas muitos protestos escaparam ao controlo policial político. O “fermento das ideias subversivas” estava disseminado por todo o território