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Os maridos foram assassinados ou presos pelas ditaduras, mas elas persistem e lideram: a leste, resistência escreve-se no feminino

Com os maridos assassinados ou presos pelas ditaduras que vigoram nas suas pátrias, Evgenia Kara-Murza, Sviatlana Tsikhanouskaya e Yulia Navalnaya assumiram o protagonismo da luta política na Rússia e na Bielorrússia. Ainda que sejam obrigadas a viver com os filhos fora dos seus países, não fazem do feminismo prioridade política e colocam-se em risco em nome de uma liberdade que tarda a chegar

Fotomontagem Expresso

Evgenia começa a falar do marido como se ele estivesse quase a chegar do trabalho, como se no dia seguinte os dois fossem juntos ao mercado de produtos biológicos, onde Vladimir gosta de escolher os legumes e a carne para assar no quintal da vivenda Kara-Murza, no estado norte-americano da Virgínia. E fala das longas viagens de carro que o casal faz até Nova Iorque para participar em conferências, das cinco horas em que conversam sobre tudo, sem as interrupções das crianças. Fala, no presente, da banalidade dos seus “momentos preferidos”. Mas há mais de dois anos que esses momentos são passado e Evgenia não tem qualquer certeza de que se possam repetir no futuro. Certa, apenas a saudade.