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2000 anos depois, os papiros voltam a falar. E trazem novidades sobre a morte de Platão

Os rolos carbonizados de Herculano, cidade que, tal como a vizinha Pompeia, ficou soterrada pelo Vesúvio em 79 d.C., dão informações valiosas sobre a filosofia antiga. Mas só uma fração foi lida. Encontrar e decifrar muitos dos seus textos era uma tarefa quase impossível. Até agora

Qualquer tentativa de desenrolar os papiros resultava numa considerável destruição dos mesmos, como aconteceu aos primeiros em que se tentou fazê-lo
Antonio Masiello/Getty Images

Não será normal os media internacionais fazerem manchete com a notícia de que foi descoberto o lugar onde um determinado indivíduo foi enterrado há 23 séculos e meio. Exceto, claro, se se tratar de um ícone universal. Quando há semanas soubemos que um velho papiro nos tinha revelado o lugar onde Platão foi sepultado, mesmo pessoas que não leem uma linha do filósofo grego desde as aulas do Secundário ficaram curiosas. É verdade que o nome de Platão subsiste na linguagem comum em forma de adjetivo para indicar uma relação sexualmente abstémia entre duas pessoas, ou nalguma das inumeráveis metáforas a que isso se presta. Mas o que tornava intrigante a história, além da distância no tempo, era a forma como a descoberta foi realizada: num velho papiro carbonizado cuja decifração se tornou possível graças a tecnologia de ponta, que chegou a envolver grandes aceleradores de partículas em diversos pontos da Europa.