O Salão das Colunas do Palácio Real de Madrid é presidido por uma estátua conhecida como “Carlos V y el Furor”. Diante dela se assinou, em 1985, a adesão de Espanha às Comunidades Europeias, no mesmo dia em que Lisboa acolheu idêntica cerimónia — as duas mais recentes democracias europeias juntavam-se ao sonho europeu. Foi também diante de Carlos V que, a 18 de junho de 2014, Juan Carlos I assinou a sua abdicação. Vinte anos antes, nas entrevistas que concedeu a José Luis de Vilallonga para o seu livro “El Rey”, recordara várias vezes o conselho do seu pai: “Um rei nunca deve abdicar. Não tem o direito de o fazer.”
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Dez anos da abdicação de Juan Carlos, o rei europeu mais poderoso da sua geração
Espanha viveu o mais excecional e delicado salto da ditadura para a democracia que o século XX conheceu. Mas o tempo andou demasiado depressa para o rei. Pecados que outrora teriam sido permitidos aos monarcas, no século XXI tornaram-se inaceitáveis. E, há uma década, abdicou