A 11 de dezembro de 1866, no velho palácio de Santa Marta, de seus avós paternos, contíguo ao Hospital do mesmo nome, em Lisboa, nasceu D. Francisco de Paula de Portugal de Sousa Coutinho. Seu pai era o 3º marquês de Borba e 16º conde de Redondo, D. Fernando Luís de Sousa Coutinho Castelo Branco e Meneses (1835-?), engenheiro agrónomo, oficial-mor da casa real, detentor de vários cargos públicos, mas apaixonadamente dedicado à música, não fugindo à tradição de seus maiores (desde logo o pai, o 15º conde de Redondo, cultor da arte e patrono de músicos e orquestras na sua quinta de Bonjardim em Belas). Foi executante distinto (flautista e violetista) e grande protetor e impulsionador da arte musical e dos seus praticantes, fundador e sustentáculo da Real Academia de Amadores de Música. Sua mãe, D. Maria José de Portugal e Castro (?-1921), era a filha primogénita e herdeira do 13º conde de Vimioso, D. Francisco de Paula Portugal e Castro (1817-1865) que, após ter servido como voluntário no exército liberal, se entregou às suas predileções de cavaleiro tauromáquico, toureiro, fadista, farrista, boémio, protagonista do amor tórrido da cantadeira de fados Maria Severa, homem de bravura e valentia, figura marcante da Lisboa do seu tempo, com uma aura romântica que passou ao cancioneiro.
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D. Francisco de Sousa Coutinho, o fidalgo cantor, toureiro e cozinheiro, que encantou as salas de ópera da Europa
Barítono notável — o maior intérprete de Falstaff do seu tempo —, D. Francisco de Sousa Coutinho cantou e foi aclamado em grandes teatros líricos da Europa e das Américas. Também lhe aprouve ser cozinheiro, toureiro, boémio, excêntrico, temível quando provocado. Uma vida recheada de episódios facetos de um artista de enorme coração e belo carácter, terminada tragicamente na loucura. Morreu há 100 anos