Na única noite em que ficou alojado no Hotel Estoril Sol, Lima de Carvalho não pregou olho. Aconteceu poucos dias depois do fracassado golpe spinolista de 11 de Março de 1975. A família Teles acabara de sair do país, pois fora alvo de um mandado de captura dos sectores militares mais à esquerda. O secretário-geral da Sociedade Estoril Sol, que lhes merecia toda a confiança, nem avisado foi. “Não sabíamos se estávamos sob escuta”, justifica ao Expresso José Teles, filho de Manuel Teles, o presidente do grupo e genro de Teodoro dos Santos, o homem que ganhara o concurso para a concessão da exploração do jogo no Casino, em 1958. Pai e filho Teles fugiram de carro para Espanha, enquanto outro familiar, Jorge Teodoro dos Santos, preferiu a Inglaterra.
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O camaleão: como o PCP ajudou a reabilitar um antigo censor do Estado Novo
Podia ter sido preso a seguir ao 11 de Março de 1975, mas uma oportuna ‘conversão’ permitiu-lhe sobreviver, com o apoio do PCP, que viu nele um bom e leal funcionário. A partir daí ocultou as suas convicções fascizantes, salazaristas e ultracatólicas, expressas no jornal “A Voz”. No regresso do patrão, exilado no Brasil, Lima de Carvalho já tinha outra posição na hierarquia do Casino Estoril, onde fez uma carreira fulgurante e por todos reconhecida, deixando para trás a pele de censor e ideólogo de extrema-direita. Ignorando o seu passado, o Estado democrático condecorou-o