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E toda a nudez era castigada: um olhar sobre os filmes que a censura portuguesa proibiu

Censura moral, política, de costumes: a gama de interditos no cinema durante o Estado Novo não tinha fim. Meio século depois, parece impossível ter existido. Histórias por vezes insólitas das proibições que chegaram a partir diretamente de Salazar, mas que não se estendiam à produção de cinema, o que originou situações espantosas, como a produção quase contínua de filmes eróticos em Cascais

“Sofia e a Educação Sexual”, de Eduardo Geada (1974)

Na noite de 25 de abril de 1974, no cinema Londres, sessão da noite como era de regra, estava anunciada a estreia de “Hiroshima, Meu Amor”, de Alain Resnais. Filme de 1959, chegava a Lisboa com os 15 anos de atraso que as barreiras censórias haviam imposto. Agora — e todos nos alegrávamos com isso — íamos poder ver a obra-prima que conhecíamos de ler nas revistas e que uns poucos, felizes mais abonados, tinham podido ver em Paris. A cópia devia ter cortes de censura, era mais que certo — e tinha. Mas já era qualquer coisa.