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Quatro meses de Javier Milei. Como reage a Argentina ao seu novo Presidente

Javier Milei completa quatro meses de Governo no próximo dia 10 sem ter ainda nenhuma lei aprovada e a prometer que, desta vez, o esforço vale a pena. Os argentinos resistem à maior inflação do mundo e a um empobrecimento veloz, abraçados a uma “recessão com esperança” — enquanto os analistas tentam desvendar o paradoxo de uma tolerância social no meio de um brutal ajuste orçamental

Tomas Cuesta/Getty Images

Em casa do jardineiro Gustavo Zapata, de 36 anos, a família defronta-se com duas crises simultâneas: a económica e a sanitária. Nisso está em perfeita sintonia com a dura realidade da Argentina, hoje a atravessar os maiores índices de inflação dos últimos 32 anos e uma epidemia de dengue, com recordes de casos e mortes. “As minhas duas filhas e a minha irmã estão com dengue. Sentem-se muito mal, não conseguem andar, estão com febre alta, sangram pelo nariz e não conseguem comer. Onde eu vivo, as pessoas têm medo de sair de casa e de serem contagiadas. É um bairro com uma lixeira, com muita sujidade, casas abandonadas, terrenos baldios invadidos, pneus velhos... enfim, tudo onde os mosquitos põem ovos”, descreve ao Expresso Gustavo, morador de San José, no município de Lomas de Zamora, situado a 25 km de Buenos Aires, capital da Argentina.