Willem Dafoe tem 68 anos e nada a provar ao mundo. O seu percurso artístico, extraordinário, começou a ser construído há quase meio século no teatro experimental nova-iorquino; no cinema, entregou-se a papéis difíceis com queda para psicoses e destinos cinzentos, pôs-se frequentemente em risco e soube manter, com sabedoria, uma saudável distância do mainstream. Interpretou várias obras-primas e uma ou outra nulidade. Vegetariano e praticante de yoga, gosta de oitos e oitentas e de provar todos os pratos. Voltou agora aos escaparates no papel do excêntrico cientista lobotomista Godwin Baxter que, na sua mansão londrina e vitoriana, resgata das águas e ‘inventa’ um cérebro para Bella Baxter, a personagem central que Emma Stone interpreta em “Pobres Criaturas”, de Yorgos Lanthimos. No final de novembro do ano passado, Dafoe foi homenageado pelo Festival de Marraquexe, onde teve lugar a conversa que se segue. O ator do Wisconsin vive há mais de 20 anos na Europa, trocou Nova Iorque por Roma, por amor a uma italiana, a realizadora e atriz Giada Colagrande. É um senhor ator. E se “Pobres Criaturas” nos serviu de isco, rapidamente fomos dar a outras paragens.
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Entrevista a Willem Dafoe: “O cinema está a mudar a uma velocidade alucinante”
Trabalhou com Martin Scorsese, Lars von Trier ou Wes Anderson e é um dos maiores atores americanos da sua geração. O novo filme de Yorgos Lanthimos, “Pobres Criaturas”, volta a pô-lo na berlinda. Conversa longa com Willem Dafoe, um homem sem nada a provar ao mundo