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Vinhos

O descendente e deprimente negócio dos vinhos em Portugal

Tudo começa com um projeto individual ou de família, que se monta com tremenda dificuldade. Fazê-lo crescer é tarefa hercúlea e, mesmo que tudo corra bem, olha-se para dentro de casa e surge o desânimo: mas afinal quem é que vai continuar o meu projeto?

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Neste tema, mal comparado e sem fazer referência ao recente desastre, o vinho tem também um caminho, um percurso que, tanto pode ser da glória (muito raramente) como da desgraça (mais vulgar). Eu, que até estudei música no Bairro Alto, subi vezes sem conta naquele elevador; umas vezes nele e, outras, com ele, já que eu e mais uns quantos, em altura de fracas finanças, subíamos a calçada agarrados ao aparelho. O passo era estugado, mas chegávamos lá acima sem ter de pagar bilhete. Sempre me lembro que, chegando lá acima, dávamos de frente com o Solar do Vinho do Porto, um dos locais onde me iniciei na apreciação do néctar. Sem que hoje tenha explicação plausível, lembro-me que, naquele ambiente meio-cerimonioso, eu pedia um Porto branco. Apesar de pouco dinheiro para gastos extra, arranjavam-se sempre uns quantos comparsas para ir ao Porto do Solar. Voltemos ao tema da ascensão no sector. O que temos assistido nos últimos anos é, no mínimo, deprimente, ainda que inevitável.