Estamos a dias de se iniciar nova campanha e, em algumas regiões, o mês de agosto é já de intensa vindima. Recordo-me de um produtor no Alentejo que, nos últimos anos, acabou a vindima a 18 de agosto. É muito difícil qualquer comparação entre estas datas e o que se passava há algumas décadas. Há mesmo zonas, como o Tejo e Alentejo, onde, desde há vários anos, se vindimam algumas castas mais precoces ainda em julho. As alterações do clima são as responsáveis por estas mudanças e, pelo que se vê, tudo se vai agravar no futuro. As variações vão também obrigar à substituição de castas, deixando no campo as que melhor resistem ao calor e substituindo as que são mais sensíveis. Como já em tempos referi, estas alterações acabaram por ser benéficas para zonas onde mais calor significou colheitas mais regulares e de qualidade constante; estou a pensar na zona de Bordéus onde agora os bons anos se sucedem, alegrando produtores locais que já têm mercados seguros. Para os outros que se veem aflitos para vender os vinhos, as colheitas abundantes e frequentes apenas agravam o negócio. Ironicamente quase se pode dizer que, por cá, muitos produtores suspiram por uma colheita miserável e desgraçada, ajudando assim a aliviar os enormes stocks que não se conseguem escoar.
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Menos produção de vinho? Ainda bem!
Ironicamente quase se pode dizer que, por cá, muitos produtores suspiram por uma colheita miserável e desgraçada, ajudando assim a aliviar os enormes stocks que não se conseguem escoar