Autarquias

Gabinete de Jorge Coelho sabia de problemas na ponte da tragédia de Entre-os-Rios, denuncia ex-autarca de Castelo de Paiva

Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, gerou polémica ao comparar o acidente do Elevador da Glória com a tragédia da ponte de Entre-os-Rios, ocorrida em 2001. O autarca lisboeta alegou que, ao contrário de Jorge Coelho, não tinha conhecimento prévio de quaisquer problemas.

Alberto Frias

Na sequência do acidente com o Elevador da Glória, Carlos Moedas recorreu a outra tragédia nacional para afastar qualquer hipótese de demissão. O autarca lisboeta recordou a queda da ponte de Entre-os-Rios, em 2001, que levou à demissão do então ministro do Equipamento Social, Jorge Coelho, por assumir a responsabilidade política pelo caso. Moedas alegou que, ao contrário de si, Jorge Coelho já tinha conhecimento da fragilidade da infraestrutura.

As declarações de Carlos Moedas geraram polémica dentro e fora da esfera política e deixaram no ar uma questão: sabia, de facto, Jorge Coelho que existia algum problema com a estrutura da ponte?

Em entrevista à SIC Notícias, Paulo Ramalheira Teixeira, ex-autarca de Castelo de Paiva, onde aconteceu a tragédia, afirma que o Gabinete de Jorge Coelho tinha conhecimento da existência de problemas na ponte sobre o Rio Douro, que colapsou a 4 de março de 2001.

Quando assumiu o cargo de autarca de Castelo de Paiva, em 1989, alertou para a necessidade urgente da construção de uma nova ponte. Contudo, nunca foi recebido por nenhum ministro das Obras Públicas, apenas por três secretários de Estado que tinham pleno conhecimento dos problemas e da falta de segurança no tabuleiro da ponte.

Afirma que, na sequência da tragédia que causou a morte de 59 pessoas, Jorge Coelho teve uma atitude muito digna e pioneira no país, embora, na sua opinião, o ex-ministro tenha apresentado a sua demissão para evitar a queda do Governo liderado por António Guterres.

Esta quinta-feira, Paulo Ramalheira Teixeira escreveu um artigo de opinião para o Observador, intitulado "Quando a verdade é inconveniente...", onde descreve todos os alertas que fez, ao longo dos anos, sobre os problemas na ponte de Entre-os-Rios.

Afirma que o seu objetivo é que a verdade prevaleça e, relativamente às declarações de Carlos Moedas, de que Jorge Coelho sabia da existência de problemas na estrutura da ponte, ressalva que pelo menos três secretários de Estado tinham conhecimento dos problemas no tabuleiro, deixando no ar a possibilidade de que o ex-ministro também estivesse informado sobre esse cenário.