Rui Rio vai mesmo recandidatar-se à liderança do PSD e defrontar Paulo Rangel nas eleições internas do próximo dia 4 de dezembro. O anúncio foi feito num comunicado enviado por Salvador Malheiro, atual vice-presidente de Rio, que será diretor de campanha.
"Apesar dos êxitos políticos que o PSD conseguiu, quer no continente quer nas regiões autónomas, e depois das múltiplas e desnecessárias dificuldades que teve de ultrapassar, é compreensível a tentação de não continuar. Mas, tal como sempre, Rui Rio não é homem de desistir de lutar pelo PSD e acima de tudo por Portugal", lê-se no comunicado intitulado "Por Portugal, Rui Rio recandidata-se à liderança do PSD".
O anúncio foi feito não de viva voz, mas através de Salvador Malheiro, que enviou o comunicado para os jornalistas através do seu e-mail pessoal. "Depois de uma reflexão aprofundada sobre a situação política do país e atendendo aos recenetes resultados das últimas eleições autárquicas e da incompreensível instabilidade e divisões internas, entretanto geradas no PSD, o presidente Rui Rio decidiu recandidatar-se à liderança do PSD", continua a ler-se, sublinhando-se que a decisão foi tomada "no devido tempo, de forma serena e responsável", e "sem qualquer preocupação de ordem tática".
Segundo Salvador Malheiro, Rui Rio entende que "o interesse de Portugal tem de estar acima daquilo que possa ser a tranquilidade da sua própria vida pessoal", daí que tenha tomado a decisão de avançar com a recandidatura - mesmo depois de a sua proposta de adiamento das diretas em função da votação do Orçamento do Estado ter sido derrotada de forma inédita no Conselho Nacional da semana passada (71-40). O argumento de Rio era o de que o PSD não devia ir a votos com a ameaça de uma crise política a pairar, sob pena de o PSD ser apanhado na curva quando o país fosse convocado para as urnas, mas não convenceu a maioria dos conselheiros.
A data 4 de dezembro para a convocação das diretas, de resto, tinha sido proposta pela própria direção do partido e Paulo Rangel insistiu que a clarificação interna devia ser feita nessa data, defendendo que em nada colocaria em causa a ida do país a eleições antecipadas. Paulo Rangel saiu reforçado e com uma base crescente de apoios dentro do partido, o que o coloca em aparente vantagem na corrida aos apoios dentro do partido.
Com esta, Rui Rio já vai para as suas terceiras diretas no PSD: venceu contra Pedro Santana Lopes, venceu o Conselho Nacional do 'impeachement' de Luís Montenegro e venceria depois as diretas contra Montenegro e Miguel Pinto Luz.
A apresentação formal da recandidatura de Rui Rio será feita "brevemente", mas ao que o Expresso apurou não será já esta terça nem quarta-feira. No entender de Rui Rio, que saiu do Conselho Nacional a chutar para breve uma decisão sobre a recandidatura, o que estava em cima da mesa no Conselho Nacional era uma questão de calendários e não de perfil de líder do PSD. Agora, a conversa vai ser outra.