Francisco Rodrigues dos Santos esperou pela confirmação da recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa e, conforme tinha prometido, pediu a convocação de um Conselho Nacional para que o CDS-PP defina se apoia ou não o atual Presidente da República. A resposta não se fez tardar: no sábado, os conselheiros democratas-cristãos vão decidir se estarão ou não ao lado do atual inquilino do Palácio de Belém.
Numa nota enviada às redações, Filipe Anacoreta Correia, que preside ao órgão máximo do partido entre congressos, adianta que o líder do CDS lhe solicitou uma reunião extraordinária para que seja tomada uma "posição política sobre as próximas eleições presidenciais".
"O presidente do CDS afirmou, desde o início do seu mandato, que daria a voz aos órgãos próprios para que se pronunciassem sobre o apoio do CDS, logo que o professor Marcelo Rebelo de Sousa declarasse ao país a intenção de se recandidatar ao lugar de Presidente da República", recorda Anacoreta Correia, que agendou o encontro para sábado, embora ainda não tenha fechado o local devido aos condicionalismos que a pandemia impõe.
Se a questão das presidenciais promete, por si só, ser um momento de relativa tensão - uma vez que Marcelo está longe de ser consensual nas hostes centristas -, a verdade é que a reunião poderá aquecer ainda mais. O Expresso apurou que haverá um segundo ponto na ordem de trabalhos que servirá para analisar a situação política, económica e social do país. E aí os opositores internos garantem que se vão fazer ouvir.
Nos bastidores do CDS, as críticas à liderança de Rodrigues dos Santos são cada vez mais audíveis - seja por causa da estratégia seguida pela direção, seja porque o partido não descola nas sondagens, seja até pelo acordo recente com o Chega nos Açores.
Pelo meio, tornaram-se indisfarçáveis as divergências entre o núcleo duro do presidente e os cinco elementos da bancada parlamentar. Há duas semanas, houve até uma troca mais azeda de palavras entre o líder parlamentar, Telmo Correia, e o primeiro vice-presidente do CDS, Filipe Lobo d'Ávila, a propósito da renovação do estado de emergência.