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Política

As contradições, os avanços e os recuos no discurso sobre a covid

Marcelo Rebelo de Sousa está atento aos números da pandemia e vai desafiar Governo, partidos e autoridades de saúde a afinar discurso. António Costa passou do otimismo a ter de tomar medidas para conter o surto de Lisboa

JOSÉ SENA GOULÃO / Lusa

A Liga dos Campeões é um feito extraordinário para o país e um “prémio para os profissionais de saúde”. Com ou sem adeptos? Ainda ninguém sabe, a UEFA admite que sim, o Governo não esclarece e Fernando Medina diz que tem a “expectativa” que "não", nem nos estádios, nem nas ruas da cidade. Mas ajuntamentos com mais de dez pessoas na mesma cidade que vai receber a prova europeia é que nem pensar. A situação é de tal forma sensível que o Governo decide manter 15 freguesias da Área Metropolitana de Lisboa em estado de calamidade. Marca uma conferência de imprensa, depois de um dia reunido com autarcas da região, mas não diz quais são as ditas freguesias. Estão proibidos ajuntamentos de mais de 10 pessoas; mas as novas regras foram anunciadas com 11 pessoas numa sala. E menos de 24 horas depois, o ministro Eduardo Cabrita corrigiria: não são 15 mas 19 as freguesias em estado de calamidade.

O problema em Lisboa está na construção civil e no trabalho temporário. O problema em Lisboa está nos bairros da periferia. Não, o problema em Lisboa está, afinal, no comportamento dos jovens. A 6 de abril, o Governo nomeia cinco secretários de Estado para assegurar a coordenação regional do combate à pandemia, um deles para a região de Lisboa. A 10 de junho, o Governo cria um gabinete de intervenção contra Covid-19 para região de Lisboa.