Já lá vai o tempo em que , por causa da troika, da crise financeira ou das regras europeias, os Governos eram obrigados a manter o cinto sempre apertado. Cortes de despesa, aumentos de impostos e retoques nas contas repetidos ano após ano para tentar acertar no défice pretendido. Tudo isso mudou nos últimos anos. Agora é de excedente que se fala quando olhamos para o saldo orçamental. Portugal é um dos bons alunos na Europa e há até margem para gastar. Os limites agora são as regras europeias (a despesa líquida) e o objetivo de manter as contas sem défice (ou até com um ligeiro excedente).
Na verdade, nenhum dos dois é extraordinariamente exigente. Sem nada fazer, Portugal cumpre ambas. No cenário em políticas invariantes, ou seja, se não forem tomadas novas medidas, Portugal parte com um excedente de 0,4% do PIB em 2025, segundo as recentes projeções do Conselho das Finanças Públicas. Valor que inclui já medidas aprovadas pelo Parlamento e também os vários aumentos e revisões de carreiras acordados entre Governo e funcionários públicos.
Não estão aqui contabilizadas, por exemplo, as duas medidas mais controversas e que têm dividido Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos: o IRS Jovem e a descida do IRC. Juntamente com outras medidas, podem facilmente levar as contas a um défice. Saiba até onde pode ir o Governo.