Exclusivo

Opinião

O fim da História não foi o fim

O erro mais insidioso continua a ser este: imaginar que o outro é o desvio. Que o inimigo é o anacronismo. Que a ameaça vem de fora. A verdade é mais difícil: o radicalismo, seja ele islâmico, cristão, secular ou ideológico, pertence ao mesmo ADN que nos criou. A mesma obsessão com o fim da História. A mesma convicção de que é possível recomeçar tudo à nossa imagem

Os anos 90 começaram com uma vitória que parecia definitiva. A queda do Muro de Berlim, o colapso da União Soviética e a expansão acelerada do liberalismo pareciam confirmar Fukuyama: a História, tal como a conhecíamos, tinha terminado. Não por falta de acontecimentos, mas porque o modelo ocidental — democracia liberal, economia de mercado, direitos individuais — se impunha como o fim último de todas as civilizações.