Um terço dos Estados-membros da União Europeia exportou armas para a Federação Russa, segundo dados do grupo de trabalho do Conselho da UE que regista todas as exportações militares dos 27, analisados pelo Investigate Europe. De acordo com o jornal “Público”, os dez países - dos quais Portugal não faz parte - enviaram “equipamento militar”, definição onde entram mísseis, bombas, torpedos, navios e carros de assalto.
França, Alemanha, Itália, Áustria, Bulgária, República Checa, Croácia, Finlândia, Eslováquia e Espanha exportaram, entre 2015 e 2021, armas para a Rússia de Putin no valor total de 346 milhões de euros. No entanto, desde julho de 2014, um embargo da UE proíbe estritamente a venda de armas à Rússia. Este embargo continha, contudo, uma lacuna legal: não se aplicava aos contratos e acordos, nem às negociações em curso, realizadas antes de agosto de 2014, nem ao “fornecimento de peças sobressalentes e serviços necessários para a manutenção e segurança das capacidades existentes”.
A França foi o país que mais vendeu (44%) armas à Federação Russa. No total, já depois do embargo de 2014, exportou 152 milhões de euros de equipamento militar. De acordo com a investigação, a França emitiu desde 2015 licenças de exportação para “bombas, foguetes, torpedos, mísseis, cargas explosivas”, armas letais, mas também “equipamento de imagem, aviões com os seus componentes” e drones. Para além disso, as exportações francesas incluíam “câmaras de imagem térmica para mais de 1000 tanques russos, bem como sistemas de navegação e detetores de infravermelhos para caças e helicópteros de combate”. Este equipamento vendido pela França pode ser encontrado a bordo dos veículos blindados, caças e helicópteros que estão a operar na frente da guerra com a Ucrânia.
Já a Alemanha realizou 35% das exportações, o que corresponde a um total de 121,8 milhões de euros. A Itália, classificada como o terceiro país que mais exportou, vendeu 22 milhões de euros em armas para a Rússia.