Alaa Abd el-Fattah, o mais conhecido preso político do Egito, foi esta segunda-feira indultado pelo Presidente do país, Abdel Fattah al-Sisi. O ativista anglo-egípcio, de 43 anos, tornou-se um dos nomes associados à Primavera Árabe, depois de, em 2011, ter estado ao lado da luta para derrubar o governo de Hosni Mubarak, documentando os primeiros dias da revolução.
Como Abd el-Fattah, outros cinco presos políticos receberam o perdão presidencial. Segundo a al-Qahera News,“o Presidente egípcio decidiu perdoar vários condenados após tomar as medidas constitucionais e legais necessárias para o efeito”.
Influenciado pelo pai, um advogado na área dos direitos humanos que também foi defensor ativo da democracia, Alaa Abd el-Fattah passou quase toda a última década na prisão, cumprindo várias sentenças.
A primeira vez que foi detido, aconteceu durante um protesto pacífico onde os manifestantes reivindicavam a independência dos tribunais do poder executivo. Depois de 45 dias na prisão, foi libertado juntamente com os restantes ativistas.
Foi preso pela última vez em 2019 e condenado depois a cinco anos de prisão por divulgar uma publicação no Facebook a dar conta da brutalidade policial no país, acusado de espalhar noticias falsas que punham em causa a segurança nacional.
Na prisão, fez várias greves de fome e o seu caso tornou-se um símbolo do retrocesso democrático no Egito.
O também blogger devia ter sido libertado a setembro de 2024, mas os procuradores afirmaram que os dois anos em prisão preventiva não faziam parte da pena. A família de Abd el-Fattah apelou ao Reino Unido para pressionar o governo egípcio para o libertar, uma vez que tem dupla nacionalidade, mas sem apoio por parte do governo britânico, a mãe, Laila Souseif, entrou em greve de fome, recusando-se a comer até o seu filho ser libertado. Acabou por ficar gravemente doente, sendo obrigada a interromper a greve em julho deste ano.
Na rede social X, a sua irmã, Mona Seif, celebra a libertação do seu irmão: “o meu coração vai parar”.
À Associated Press (AP), o advogado do ativista, Khaled Ali, informou que o ativista deverá ser libertado da prisão de Wadi Natron, no norte da capital egípcia, assim que a decisão seja publicada em diário oficial do país. Mona Seif partilhou que também a mãe e a irmã mais nova estão também a tentar descobrir a data para Alaa Abdel-Fattah sair em liberdade.
O perdão presidencial acontece após uma petição ao gabinete do Presidente no início do mês, avança a AP. No início do mês, o nome de Alaa Abd el-Fattah já tinha sido retirado da “lista de terrorismo” do governo, informou o advogado.
Também o Conselho Nacional de Direitos Humanos (NCHR, sigla em inglês) se juntou à petição, que incluía o nome de sete prisioneiros. Não é claro se a sétima pessoa foi indultada.
Num comunicado, o NCHR afirma que “esta decisão representa uma contribuição tangível para a implementação da Estratégia Nacional de Direitos Humanos do Egito, fortalece a confiança pública entre as instituições estatais e a sociedade”.
Texto de Margarida Nogueira, editado por Mafalda Ganhão