Andorra, Bélgica, Luxemburgo e Malta anunciaram hoje o reconhecimento do Estado Palestiniano durante a conferência de alto nível sobre a solução dos dois Estados, copresidida por França e Arábia Saudita na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque.
Bélgica, Luxemburgo e Malta estiveram representados na conferência pelos respetivos primeiros-ministros, enquanto o anúncio de Andorra foi feito pela ministra dos Negócios Estrangeiros.
O primeiro-ministro belga, Bart De Wever, afirmou que as recentes declarações das autoridades israelitas, de que um Estado palestiniano jamais existirá, é uma razão adicional para reafirmar o direito e a necessidade dos palestinianos terem o seu próprio Estado.
"Nesse sentido, a Bélgica está hoje a dar um forte sinal político e diplomático ao mundo ao juntar-se ao grupo de países que anunciam o reconhecimento do Estado Palestiniano à margem da Assembleia-Geral da ONU", anunciou o governante.
Mas este passo não pode ser uma recompensa para o grupo islamita palestiniano Hamas, alertou.
"Consciente do trauma sofrido após o ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro de 2023, a Bélgica procederá ao reconhecimento legal do Estado da Palestina assim que todos os reféns forem libertados e todas as organizações terroristas, como o Hamas, forem removidas da governança da Palestina", disse.
A posição da Bélgica destaca-se da de outros países, cujos reconhecimentos de um Estado palestiniano nos últimos dias tiveram efeito imediato e não ficaram pendentes de pré-condições.
"A condução ativa das relações diplomáticas com o novo Estado da Palestina, incluindo a abertura da embaixada belga e a conclusão de acordos internacionais, será realizada assim que os objetivos da Declaração de Nova Iorque forem alcançados, nomeadamente a desmilitarização total do Hamas e a subsequente renovação da governança com base em eleições presidenciais e parlamentares, dando aos palestinianos uma autoridade democrática, fortalecida e renovada", acrescentou o líder belga.
Por sua vez, a ministra de Andorra, Imma Tor Faus, frisou que a situação em Gaza é "insuportável" e que a fome está a ser usada como arma de guerra.
A governante andorrenha defendeu que a única saída credível para este conflito é a solução dos dois Estados, reforçando que a esmagadora maioria da Assembleia-Geral da ONU acredita nessa solução, em que o povo palestiniano possa viver em paz, lado a lado com o Estado de Israel.
"Com isso em mente, o Governo de Andorra aprova o reconhecimento do Estado da Palestina", anunciou Imma Tor Faus, indicando que o seu país continuará a defender a libertação de todos os reféns, o desarmamento do Hamas e um Estado palestiniano desmilitarizado.
Quando as condições estiverem em prática, este reconhecimento terá efeito, sublinhou.
Momentos antes, na mesma conferência, França reconheceu igualmente o Estado da Palestina, uma decisão para promover a paz entre israelitas e palestinianos, anunciou o Presidente francês, Emmanuel Macron, perante as Nações Unidas.
Na véspera do encontro na ONU, Portugal, Reino Unido, Canadá e Austrália reconheceram formalmente o Estado da Palestina.
Entre os países que não reconhecem o Estado da Palestina encontram-se os Estados Unidos, a Alemanha, o Japão ou os Países Baixos que defendem que tal passo político e diplomático deve ser feito em acordo com Israel.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, reagiu no domingo aos anúncios afirmando que nunca haverá um Estado palestiniano.