O Presidente da República afirmou esta segunda-feira, em Nova Iorque, que a decisão portuguesa de reconhecer o Estado da Palestina “não é contra Israel nem contra a Palestina”, mas sim “pela paz e por uma solução que permita o desenvolvimento económico e social numa região tão sensível”.
As declarações surgem após uma reunião com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, a quem Marcelo Rebelo de Sousa reafirmou o apoio de Portugal, destacando a importância do multilateralismo, do respeito pela Carta da Organização das Nações Unidas (ONU) e do direito internacional.
O chefe de Estado revelou que representantes palestinianos e várias delegações internacionais agradeceram a posição portuguesa, enquanto Israel não apresentou reação formal. Sublinhou ainda que a prioridade agora é “estudar o dia seguinte” e garantir soluções económicas e sociais que transformem a decisão política em melhorias concretas na vida da população.
“É bom que haja um conjunto de países muito amplo, tão diversos como a Arábia Saudita, a Indonésia ou o Egito, a procurar em diálogo com os Estados Unidos uma fórmula para o dia seguinte. Isto é, que económica e socialmente encontremos uma solução que olhe para as pessoas de carne e osso. Porque isto é feito a pensar nas pessoas de carne e osso”, apontou Marcelo.
À margem de uma reunião de alto nível para assinalar o 80.º aniversário das Nações Unidas, na qual um grupo de países, incluindo Portugal, reconheceu oficialmente o Estado da Palestina, o Presidente da República sublinhou que o gesto português foi recebido com apreço e reforça o compromisso com a solução de dois Estados.
Questionado sobre a posição do CDS, que discordou do reconhecimento da Palestina, Marcelo procurou relativizar o impacto político interno, lembrando que a questão não fazia parte do acordo de coligação e que não coloca em causa a estabilidade governativa. Ao mesmo tempo, reconheceu que, no passado, governos de centro-direita (com Paulo Portas), também deram passos importantes no mesmo sentido, nomeadamente ao apoiar o estatuto de observador da então Autoridade Palestiniana em instituições internacionais.
Marcelo Rebelo de Sousa insistiu ainda que a posição portuguesa é equilibrada e alinhada com os esforços internacionais em curso, e sublinhou que não há alternativa viável à solução de dois Estados. Com este passo, Portugal junta-se ao grupo de países que já oficializaram o reconhecimento do Estado palestiniano.