Internacional

Ambientalista conhecida por se opor a construções de barragens encontrada morta no Chile

Javiera Rojas esteve envolvida em vários protestos contra construção de barragens e centrais termoelétricas. América Latina voltou a ser considerada este ano a região mais perigosa do mundo para ambientalistas

D.R.

Uma ativista e ambientalista chilena foi encontrada morta no domingo. O corpo tinha as mãos e pernas atadas e estava debaixo de uma pilha de roupa em Calama, na província de El Loa, no norte do Chile.

Javiera Rojas, 42 anos, era conhecida pela sua oposição ao projeto para a construção de uma central termoeléctrica em Combarbalá pela empresa Prime Energía. Em 2016 já tinha estado envolvida nos protestos que resultaram no cancelamento da construção de uma barragem no Vale da La Tranca. O projeto ameaçava a biodiversidade e o abastecimento de água às comunidades locais.

De acordo com o Independent, dois homens - incluindo o parceiro da ativista - estão em prisão preventiva enquanto decorre uma investigação. Um porta-voz da polícia de Calama disse ao jornal local El Referente que os dois suspeitos - um chileno e o outro venezuelano - foram detidos nas primeiras 24 horas da investigação. Estão indiciados por homicídio, estando a ser investigada "a eventual existência de uma ligação emocional entre a vítima e um dos réus de forma a perceber se será possível alterar a classificação do crime".

O The Guardian avança ainda que Javiera Rojas se tinha mudado para Calama durante a pandemia para cuidar da família. Segundo uma amiga que tinha estado em contacto com a vítima três semanas antes, a ativista não estava envolvida no ativismo local.

Vários políticos chilenos manifestaram o seu pesar pela morte da ativista e sublinharam a necessidade de apurar responsabilidades, independentemente de se tratar de um feminicídio ou de o caso estar ligado ao ativismo.

A América Latina é considerada a região mais perigosa do mundo para os ambientalistas. Segundo os números da Global Witness for 2020, 148 das 227 pessoas que morreram a defender florestas, rios ou outros ecossistemas foram mortas nesta região.

O Movimiento por el Agua y Los Territorios (MAT), com o qual Javiera Rojas estava envolvida, afirmou num comunicado que "a violência é permanente nestes territórios e, por atingir proporções horríficas como as que a nossa colaboradora passou, torna visíveis as alianças cruéis que existem entre o ativismo e o patriarcado". Francisca Fernandez, da MAT, acrescentou que as mulheres ativistas estão especialmente vulneráveis a ataques físicos. "Temos de considerar que a sua posição enquanto defensora sócio-ambiental a expôs a violência."