Israel “conseguiu destruir Gaza”, ou seja, atingiu “o objetivo não oficial da guerra”. No entanto, até agora, as autoridades israelitas “não conseguiram obter a imagem oficial de vitória”. É esta a perspetiva do investigador, escritor e ativista de Gaza Muhammad Shehada, que tem concentrado a sua investigação nas violações dos direitos humanos em Gaza e na Cisjordânia ocupada, e mais amplamente no Médio Oriente e na Europa, com ênfase no tratamento de migrantes, refugiados e civis em zonas de conflito. Em entrevista ao Expresso, afirma que “o Hamas, neste momento, não representa uma ameaça para Israel”, mas o grupo islamista palestiniano “pode ameaçar as Forças de Defesa de Israel dentro de Gaza” e “manter uma insurgência a longo prazo”.
Muhammad Shehada, investigador visitante do programa do Conselho Europeu de Relações Externas para o Médio Oriente e Norte de África, revela algumas das notícias que lhe chegam de Gaza. Diz faltarem-lhe palavras para descrever, mas é depois profícuo nos detalhes que partilha. Os europeus queriam “um final feliz” para a sua história, lamenta, referindo-se a Israel. “Esta não é uma história feliz, não tem um final feliz. Então, os europeus estavam dispostos a fechar os olhos.”