O Presidente francês, Emmanuel Macron, nomeou o ministro da Defesa cessante, Sébastien Lecornu, como primeiro-ministro, sucedendo a François Bayrou, que se demitiu após a queda do Governo no parlamento, anunciou a presidência francesa.
Em comunicado, o Palácio do Eliseu indicou que o chefe de Estado encarregou Sébastien Lecornu de "consultar as forças políticas representadas no Parlamento com vista à adoção de um orçamento para a nação e à construção dos acordos essenciais para as decisões a tomar nos próximos meses".
Com esta nomeação, Macron afasta a realização de novas eleições, como pretendia parte da oposição, nomeadamente a União Nacional (extrema-direita) e a França Insubmissa (LFI).
Segundo o Eliseu, após as discussões com as forças parlamentares, "caberá ao novo primeiro-ministro propor um governo ao Presidente da República".
"A ação do primeiro-ministro será pautada pela defesa da nossa independência e do nosso poder, pelo serviço ao povo francês e pela estabilidade política e institucional para a unidade do país", refere a nota da presidência francesa.
Macron, acrescenta, "está convicto de que, com base nestas bases, é possível um acordo entre as forças políticas, respeitando as convicções de cada uma".
François Bayrou apresentou hoje formalmente a demissão a Macron
“O último tiro do macronismo”, diz Marine le Pen
Pouco depois de ser anunciada a decisão do Presidente francês, Marine Le Pen criticou a nomeação de Sébastien Lecornu para primeiro-ministro, vaticinando "inevitáveis futuras eleições legislativas".
"O Presidente está a dar o último tiro do macronismo, aprisionado no seu pequeno círculo de apoiantes", escreveu a líder da extrema-direita numa mensagem publicada na rede social X. O "primeiro-ministro vai cham-se Jordan Bardella", acrescenta.
Também o líder da França Insubmissa (LFI) e antigo candidato presidencial , Jean-Luc Mélenchon, reagiu, para considerar que "só a saída do próprio Macron poderá pôr fim a esta triste farsa de desprezo pelo Parlamento, pelos eleitores e pela decência política".
"A resposta de Macron à deposição de Bayrou" é "a partir de agora, absolutamente a mesma de antes", escreveu Mélenchon na redec social X.
Ao início desta tarde, os deputados da LFI apresentaram uma nova moção para iniciar o processo de destituição contra Emmanuel Macron.
Sébastien Lecornu integrava a lista de possíveis nomes de confiança do Presidente francês para o cargo de primeiro-ministro, para o qual o secretário do Partido Socialista francês, Olivier Faure, se tinha oferecido.
Este é o quinto primeiro-ministro do segundo mandato presidencial de Macron.
Na segunda-feira, François Bayrou viu chumbada a moção de confiança por uma esmagadora maioria de 364 votos contra 194, que tinha levado ao parlamento para reforçar a liderança perante a delicada situação das finanças públicas e antecipar a votação do plano orçamental para 2026, fortemente criticado, com cortes na ordem dos 44 mil milhões de euros.
Coincidindo com a demissão de Bayrou, pela primeira vez em mais de duas décadas, o prémio de risco da dívida francesa ultrapassou esta manhã o da Itália, com 82 pontos de base contra 81,8, sendo o pior da zona euro.
O político centrista chegou ao cargo na sequência da moção de censura ao antecessor, o conservador Michel Barnier, em funções durante três meses.
No mandato de apenas nove meses, Bayrou enfrentou oito moções de censura, que em França podem ser aprovadas sem lugar à formação de um novo Governo com uma maioria parlamentar alternativa.