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Cabo Delgado. “Não façam militarismos, falem com as populações, mandem diplomatas e não militares”

Dois projetos de trabalho de campo da Nova SBE em Moçambique permitiram concluir que as campanhas de informação sobre extremismo religioso diminuem o comportamento antissocial e os episódios de ataque pelos militantes que têm vindo a assaltar a população da província de Cabo Delgado. O líder do projeto, Pedro Vicente, explicou ao Expresso por que motivo a resposta militar do Governo pode levar a população local a vir a apoiar os extremistas

ZINYANGE AUNTONY/Getty Images

Correrá Moçambique o perigo de se transformar numa pequena Nigéria? A pergunta surge esta segunda-feira no título de uma entrevista ao diretor do Programa de África do think tank Chatham House, Alex Vines, feita pela emissora alemã Deutsche Welle. Pequena Nigéria só se for pela escala das riquezas naturais (petróleo na Nigéria e gás natural em Moçambique) e pelo que Moçambique poderia ter aprendido com os ataques de extremistas islâmicos na maior economia de África.

O grupo radical Boko Haram rapta e mata pessoas, destrói e saqueia aldeias no nordeste da Nigéria desde 2009. Na encruzilhada da fronteira com o Níger a norte, o Chade a nordeste e os Camarões a leste, a atividade dos insurgentes beneficia da aridez e da pobreza do estado de Borno para manter acesa a sua campanha destrutiva e desafiar a autoridade da capital, Abuja.

Entre 2015 e 2018, uma contra-ofensiva governamental levou operações das forças de segurança e das forças militares a investirem contra o Boko Haram. Algumas vitórias não conseguiram desalojar nem acabar com a violência do grupo jiadista.

A região de Cabo Delgado encontra-se tão longe da capital moçambicana, Maputo, como Borno de Abuja. Não deveria ter provocado grande espanto que o Zimbabwe anunciasse, sexta-feira passada, que ia enviar forças de segurança para a fronteira com Moçambique a fim de evitar a infiltração dos islamitas.