Internacional

Israel. Ninguém pára Benjamin Netahyanu em dia de eleições

Câmaras de filmar para intimidar eleitores da oposição, gelados para seduzir votantes, entrevistas proibidas para convencer indecisos. Em dia de eleições, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, recorre a todas as armas para tentar ser reconduzido no cargo

Quase 6,4 milhões de israelitas estão convocados para votar entre as 7h e as 22 horas (mais duas horas do que em Portugal Continental)
JACK GUEZ / AFP / Getty Images

O dia eleitoral vai a meio em Israel. Desde as 7h da manhã até às 22h (mais duas horas do que em Portugal Continental), mais de seis milhões de eleitores — exatamente 6.394.030 — estão convocados para eleger o próximo Parlamento (Knesset). Fazem-no pela segunda vez este ano já que, após o escrutínio de 9 de abril, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu não conseguiu angariar apoios suficientes — pelo menos 61 dos 120 deputados — para continuar a governar o país.

A Comissão Eleitoral destacou cerca de 3000 funcionários para as assembleias de voto para registar eventuais irregularidades. Até ao momento, o Likud tem sido o partido mais fustigado com queixas, com militantes apanhados a oferecer gelados e calendários russos a eleitores e a filmar no exterior de assembleias de voto na cidade de Or Akiva (região de Haifa).

O próprio Benjamin Netanyahu já tinha recebido um “cartão amarelo” da Comissão por desrespeitar os três dias ‘de reflexão’ anteriores ao ato eleitoral e publicar sondagens nas suas redes sociais. Nada que o tenha travado já que esta terça-feira, em plena jornada eleitoral, concedeu duas entrevistas a estações de rádio, ciente de que violava a Lei Eleitoral.

Árabes mais mobilizados

Cerca das 14h30 locais surgiram notícias de uma “reunião de emergência” de responsáveis do Likud para discutir que resposta dar a uma constatação que consideram preocupante: os árabes (20% da população de Israel) estão a votar em força e há receios de que a Lista Conjunta (coligação de quatro partidos árabes) possa eleger 15 deputados — a confirmar-se, será o melhor resultado de sempre.

Perante receios de que o empate técnico saído das eleições de abril — entre o Likud (direita) e a aliança Kahol Lavan (centro) — se possa repetir e que os israelitas possam ser chamados às urnas uma terceira vez, multiplicam-se apelos à participação eleitoral.

Uns invocam a necessidade de proteger a democracia israelita, outros falam da urgência em evitar que Netahyanu seja reconduzido para um novo mandato, ele que, a 20 de julho, tornou-se o israelita que mais tempo ocupou o cargo de primeiro-ministro.

“Estamos a receber informações de todo o país que Bibi [como é conhecido Netanyahu] está a conseguir fazer sair eleitores de casa”, alertou Yair Lapid, um dos líderes da aliança Kahol Lavan. “Se Bibi conseguir mais um mandato, um Governo com [Bezalel] Smotrich, [Yaakov] Litzman e [Itamar] Ben-Gvir” — ou seja, radicais sionistas, religiosos ultraortodoxos e extrema-direita — “um Governo chantagista e racista será formado outra vez. Por isso se querem ter um bom Governo, não é tempo de ir à praia — vão votar”.

Cerca das 14h locais, a afluência às urnas era de 36,6%, 0,7% superior à registada em abril àquela hora.