O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, disse que vai submeter um projeto de lei ao Congresso com o objetivo de dar “retaguarda jurídica” para a polícia poder usar armas de fogo em operações sem ser processada. Questionado sobre a violência no Rio de Janeiro e no resto do país, o chefe de Estado garantiu: “Os caras vão morrer na rua igual barata, pô. E tem que ser assim.”
Em entrevista concedida ao canal de YouTube da jornalista Leda Nagle e publicada esta segunda-feira, Bolsonaro congratulou-se com os números que apontam para uma queda de 24% das mortes violentas no Brasil no primeiro trimestre deste ano relativamente ao mesmo período de 2018. E atribuiu essa queda a si próprio e ao ministro da Justiça, Sérgio Moro, que segundo Bolsonaro estão “dando exemplo”.
“Como cai mais? Está desequilibrado. O bandido tem mais direito do que o cidadão de bem. Eu estou mandando um projeto, que vai ter dificuldade de ser aprovado, mas não tem outra alternativa”, sublinhou. “Em operação, o pessoal tem que usar aquela máquina que tem na cintura, ir para casa e no dia seguinte ser condecorado, não processado”, acrescentou.
Uma pessoa é morta pela polícia a cada cinco horas no Rio
O diretor de investigação do Instituto Igarapé, Robert Muggah, contrapôs que houve um aumento dos assassínios no Rio de Janeiro, onde a polícia matou 434 pessoas nos primeiros três meses de 2019. “Este é o maior número registado em mais de duas décadas”, disse o responsável, citado pelo jornal “The Guardian”.
Nos primeiros seis meses do ano, a polícia do Rio matou 881 pessoas, o que corresponde a uma pessoa a cada cinco horas. “A nossa preocupação é que este tipo de retórica [de Bolsonaro] possa encorajar a polícia a empregar mais força excessiva, o que pode resultar, de facto, em mais violência policial do que atualmente. Esta é claramente uma preocupação num país que já regista a mais elevada violência letal em números absolutos e um dos mais altos índices de mortes cometidas pela polícia no mundo”, disse Muggah.
De acordo com dados oficiais, a polícia brasileira matou quase 6200 pessoas no ano passado, um aumento face às 5225 de 2017.