Expressinho

25 de Abril, sempre! O que ouvir e que obras sobreviveram à ditadura?

Sabias que, durante o Estado Novo, os artistas também viram a sua liberdade condicionada? Algumas obras nem sequer viram a luz do dia. Vamos relembrar grandes nomes que não desistiram desta luta

Na literatura: Novas Cartas Portuguesas

Maria Teresa Horta, Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, as “três Marias”, trocaram cartas entre si durante o Estado Novo e conseguiram que as suas ideias fossem publicadas em livro, anonimamente. Mas a PIDE censurou-as pelo conteúdo erótico, destruiu a obra e perseguiu as escritoras. O país e o mundo manifestaram o seu apoio às “três Marias” e hoje, felizmente, podes ler esta obra, reeditada em 2011.

No desenho: Os “bonecos” de Stuart de Carvalhais

O cartoonista que tem uma escola com o seu nome em Massamá, chegou a reprovar a Desenho (no liceu). Mal sabia que ficaria conhecido pelos heróis de banda desenhada “Quim e Manecas” e trabalharia no "Diário de Notícias", de 1925 até 1961. Apesar do seu talento, viu muitos dos cartoons censurados por tecerem críticas políticas e sociais.

Nas Artes Plásticas: O Grupo KWY

KWY são as iniciais de “Ká Wamos Yndo”, um grupo fundado em Paris, em 1958, por artistas com bolsas da Gulbenkian (Lourdes Castro, René Bertholo, Costa Pinheiro, José Escada, João Vieira, Gonçalo Duarte, Jan Voss e Christo). KWY eram as letras que não apareciam no alfabeto português e estes artistas saíram de solo português para criar uma revista, desenhos e pinturas lá fora, durante a ditadura.

No teatro: Peças que nunca viram o palco

Bernardo Santareno era o nome artístico do médico psiquiatra António Martinho do Rosário. Quando começou a escrever teatro viu algumas obras censuradas e que nunca puderam ser representadas, por serem consideradas “perigosas”, embora denunciassem a realidade do país. Por exemplo, “António Marinheiro” (1961), “O Pecado de João Agonia” (1961) ou “Anunciação” (1962).

Na música: A resistência da rádio

Sabias que a Emissora Nacional (EN) tinha um serviço de censura? Os músicos conhecidos por serem opositores ao regime eram muitas vezes censurados, os seus discos riscados ou destruídos. Mas, nas ilhas, nem sempre era assim. Algumas músicas de Zeca Afonso e de Adriano Correia de Oliveira chegaram a ser censuradas no continente e não nos arquipélagos. A “Grândola, Vila Morena”, primeira senha da Revolução, por sorte, não foi censurada.

Canções de Abril: discos pedidos

Já sabes de cor e salteado as canções de intervenção dedicadas a este dia? Ouve em família e prepara-te para cantar estas canções, a plenos pulmões!

Do teu tempo

  • Que parva que eu sou – Deolinda
  • Deus, Pátria e Família – B Fachada
  • Madrepérola – Capicua
  • O Exílio – Benjamim
  • Canção a Zé Mário Branco – A Garota Não

Do tempo dos teus pais

  • Grândola, Vila Morena – Zeca Afonso (1.ª senha do 25 de Abril)
  • E Depois do Adeus – Paulo de Carvalho (2.ª senha do 25 de Abril)
  • Liberdade – Sérgio Godinho
  • Somos Livres – Ermelinda Duarte
  • O Que Faz Falta – Zeca Afonso
  • Desfolhada – Simone de Oliveira
  • Eu Vim de Longe – José Mário Branco
  • Abandono – Amália Rodrigues
  • A Gente Vai Continuar – Jorge Palma
  • O Povo Unido Jamais Será Vencido – Luís Cília

Sabias que...

O compositor Bruno Pernadas fez um hino para comemorar os 50 anos do 25 de Abril? Chama-se “O Governo do Povo” e divide-se em três partes: uma parte tocada pela Orquestra Geração (músicos dos 6 aos 20 anos em situação de exclusão social e urbana), outra pelo Coro da Universidade de Lisboa e outra ao estilo do cancioneiro popular, para passar na rádio. Ouve aqui!