Menos de um em cada cem: 0,96%. Por extenso: zero vírgula noventa e seis por cento. É esta a participação dos portugueses residentes no estrangeiro nas eleições europeias deste domingo.
Quando são ainda desconhecidos os resultados de três consulados, haviam votado 13.723 pessoas, num universo eleitoral de 1.433.256 inscritos. A taxa de abstenção é assim de 99,04%.
É crónica a baixa participação dos portugueses da diáspora, especialmente nas eleições europeias. Há cinco anos fora de 2,09%. Agora foi pior.
Não que tenha votado menos gente. Pelo contrário. Os resultados parciais indicam que mais pessoas foram às urnas (em 2014 houve pouco mais de 5 mil votantes, agora quase o triplo).
A taxa de participação reduziu-se sensivelmente para metade por força do aumento dos cadernos eleitorais. Com o recenseamento automático a partir do cartão de cidadão, o número de inscritos no estrangeiro deu um enorme salto: passou de 244.986, em 2014, para 1.362.093, no presente.
Foi sobretudo graças este 'input' que o número global (território nacional e estrangeiro) de eleitores inscritos para esta eleição teve mais um milhão de pessoas (de 9,7 milhões para 10,7 milhões).
É a abstenção massiva no estrangeiro que contamina negativamente os dados da afluência à urnas. Ainda com três consulados por apurar, os resultados globais do país apresentam uma afluência de 30,75%. Mas levando apenas em conta os dados do território nacional (continente e ilhas), ela sobe quase cinco pontos percentuais (passa para 35,32%).
Há cinco anos a taxa de participação global foi de 33,85%.
O recenseamento automático veio dar direito de voto a mais de um milhão de portugueses no estrangeiro, mas ele apenas foi exercido, com os dados disponíveis, por mais cerca de oito mil.
Ah... da diáspora vem finalmente uma boa notícia para Paulo Rangel e Rui Rio: o PSD lidera, com 29%, seguido do PS, com 25%, e do Bloco, com 10%.