Europeias 2019

Basta! “Não, o André Ventura não vai desistir”

O cabeça de lista da Coligação Basta, e presidente do Partido Chega, só discursou depois de conhecidos os resultados oficiais. André Ventura aponta agora baterias às legislativas

MANUEL DE ALMEIDA

Primeiro, vieram as sondagens. Mas elas “não valiam”, porque o que conta, como todos os políticos dizem, é o dia das eleições. Depois, vieram as projeções à boca das urnas. E essas também não contavam porque o Basta concorria “noutro campeonato”, a disputar votos entre “os mais pequeninos”, explicava o porta-voz do Basta para a comunicação social. E, por fim, vieram os resultados. Derrota para o Basta, não só não conseguiu eleger, como ficou muito atrás do último partido que elegeu um eurodeputado.

“Assumo a derrota. Mas este foi apenas o primeiro passo. Este incrível grupo de pessoas que se juntou a nós por todo o país, e algumas fora dele, não merecem ver em nós um grupo de desistentes. Não, o André Ventura não vai desistir. Vamos continuar esta luta até outubro, altura em que vamos ter a mudança que tanto desejamos”, disse André Ventura esta noite.

O candidato falava de si próprio na terceira pessoa para os apoiantes que, apesar das previsões de maus resultados, se mantiveram fiéis até ao fim para ouvir falar o líder.

Depois de lamentar a abstenção e agradecer aos portugueses que foram às urnas (como fazem todos os políticos) André Ventura, o candidato que critica os políticos e quer reduzir o número de deputados, considerou que os resultados da noite são um sinal da “distância entre os portugueses e a política”.

E, novamente como os políticos, André Ventura conseguiu encontrar vantagens no meio da derrota. Os 45 mil votos conquistados (1,5%) - que colocam o Basta como a terceira força política no campeonato das que não conseguir eleger, atrás do Aliança e do Livre - representam um fator positivo. “Esta coligação tem um mês e meio. Este resultado é bastante aceitável e dá-nos força”, frisou Ventura.

A Coligação Basta, composta pelo Partido Chega, o Partido Popular Monárquico, o Partido Cidadania e Democracia Cristã e a Democracia 21, gerou muita expectativa, tanto antes da campanha eleitoral, como até ao dia da votação. Porém, não conseguiu converter em votos a popularidade conquistada por André Ventura como comentador afeto ao Benfica na CMTV.

Com os resultados do Vox em Espanha e o ressurgimento da extrema-direita, pairou no ar a hipótese de o discurso do Basta - de que “chega de roubalheira e corrupção”; que “os ciganos têm de pagar impostos” e que os polícias precisam de mais meios - poderia representar a entrada do populismo em Portugal.

Não foi, e cedo se percebeu pelas sondagens que a Coligação Basta não teria hipóteses de eleger o cabeça de lista. Mas os apoiantes tiveram dificuldade em entender isso. Durante a campanha, apesar de admitirem que se tratava de um ensaio para as legislativas de outubro, acreditavam que a noite eleitoral poderia ter surpresas. E esta noite, no local alugado pelo Basta para acompanhar os resultados, a esperança viveu até ao fim.

"Estarmos no boletim de voto é uma vitória"

“Temos informação de que há um eurodeputado que está em disputa entre nós e a Aliança”, dizia ao Expresso Nuno Afonso, um dos vice-presidentes do Chega, numa altura em que Santana Lopes assumia a derrota.

Já antes, depois de terem sido conhecidas as primeiras projeções, o porta voz da coligação afirmava ter conhecimento de uma outra sondagem que dava a eleição de um eurodeputado sem, no entanto, conseguir indicar qual era...

Porém, na sala, os ânimos iam acalmando. Só se ouviam gritos de “Basta” e as bandeiras só se agitavam quando as câmaras das televisões se ligavam.

“O facto de estarmos no boletim de voto é uma vitória. Os olhos estão em outubro e iremos concorrer como Basta”, comentava Manuel Matias, líder do PPV que contava com os votos dos polícias, dos católicos e dos evangélicos para ser a surpresa da noite e fazer a festa. Esses votos não chegaram e festa não houve.

No fim, depois do curto discurso do candidato derrotado, só houve mesmo selfies à frente da tarja da Coligação Basta. Em outubro se verá.