Em mais do que um discurso desde o início desta semana, Nuno Melo, cabeça de lista do CDS às Europeias, tinha associado António Costa - e Pedro Marques - a José Sócrates. Mas esta quinta-feira associou-o também a Joe Berardo, ao afirmar que o decreto-lei que criou a fundação que une Joe Berardo ao Estado, em 2006, foi assinado por António Costa, Teixeira dos Santos e Sócrates - que na altura eram ministro da Administração Interna, ministro das Finanças e primeiro-ministro, respetivamente.
O candidato do CDS às europeias, porém, foi mais longe: fez a associação entre esse decreto e os empréstimos concedidos pela Caixa ao empresário para “uma luta acionista e especulativa” - na compra de ações do BCP, mais precisamente. Mas foi aqui que o centrista se enganou. Isto porque o decreto que Nuno Melo aponta é o da criação da Fundação de Arte Moderna e Contemporânea - Coleção Berardo. E a fundação que contraiu créditos para a compra de ações do BCP é a IPSS - Fundação Joe Berardo.
O caso, de resto, até faz ricochete no CDS. Isto porque na altura em que Berardo consegue o empréstimo da Caixa, estava como administradora do banco público uma ex-dirigente do próprio CDS (e ex-ministra), Celeste Cardona.
“O que mais choca neste caso é que uma fundação com fins artísticos e educativos possa ter beneficiado de créditos superiores a 350 milhões de euros para comprar ações num banco”, disse Nuno Melo. E considerou “absurdo” que um banco como a Caixa Geral de Depósitos conceda estes “créditos deste valor para uma luta acionista, especulativa”.
Já esta quinta-feira Nuno Melo, em declarações aos jornalistas, tinha-se congratulado pelo facto de a retirada das condecorações a Joe Berardo estar a ter tanta aceitação. E lembrou que o CDS "foi o primeiro partido" a referir o assunto.