Depois da polémica audição de Joe Berardo no Parlamento, Rui Rio acha "muito bem" que se retirem as condecorações ao comendador (e dos maiores devedores da Caixa Geral de Depósitos). E até dá uma sugestão: "Já agora, podiam olhar para a lista e de certeza que há lá mais alguns [a quem podem ser retiradas condecorações]".
Em pleno rio Tejo, numa travessia organizada pelas Mulheres Sociais Democratas a propósito da campanha para as europeias, Rio fez questão de puxar o tema de Berardo para passar ao ataque. Primeiro, aos membros do PS e do Governo que se disseram chocados com o comportamento do comendador perante os deputados: "É preciso ser cínico para dizer-se chocado quando pelo menos, como ele, foram culpados todos os que lhe emprestaram dinheiro para fazer um assalto político a outro banco [o BCP]", criticou.
E foi mais longe: quem tem condecorações, como o próprio Rio, deve ter um cuidado maior com os seus comportamentos e os padrões éticos que segue, alertou. E Berardo não será o único problema:" Já agora, podiam olhar para a lista e de certeza que há lá mais alguns. Deviam alargar a lista". Porque as condecorações "não devem ser dadas ao metro", sublinhou. E exemplos? Rio riu-se, mas não respondeu. "Não quero dar exemplos, mas vêm-me à cabeça", admitiu.
Não foi o único tema em que Rio se mostrou crítico do Governo. Primeiro, aproveitou a vista do Tejo para falar dos problemas nos transportes e fez assim a ponte para a redução dos preços dos passes sociais. "Baixaram os preços sem pensar. A oferta continua igual. Saiu o título pela culatra". E sugeriu: "Estão a tempo de aproveitar essa ideia e construí-la" melhor, alargando a mais zonas do país, defendeu Rio, que tem argumentado que a medida só funciona para os grandes centros urbanos. E que foi pensada, aliás, como "todas, todas, todas" nos últimos tempos, "para as eleições".
Ainda houve tempo para responder diretamente a Pedro Marques, que esta terça feira acusava Rangel de ter sobrevoado as áreas ardidas de helicóptero para "arrebanhar uns votos" e aproveitar o drama humano. Rio disparou: "Devia estar preocupado com os helicópteros que não estão disponíveis para apagar incêndios". É que esta quarta-feira começou a época de reforço de dispositivo de combate aos fogos, mas apenas 21 dos 38 helicópteros previstos estavam prontos a entrar em ação.