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Bosch quer vender fábrica de Ovar, mas investe mais €100 milhões em Aveiro

Investimento da Bosch em Portugal até 2026 vai aumentar capacidade de produção de bombas de calor

D.R.

A Bosch Home Comfort vai investir 100 milhões de euros no reforço da capacidade de produção de bombas de calor da sua fábrica de Aveiro, anunciou a multinacional alemã esta quinta-feira. A médio prazo, o grupo assume também o objetivo de aumentar o número de trabalhadores nesta unidade.

O investimento prevê a construção de laboratórios, novos edifícios e linhas de produção de bombas de calor, precisa o grupo num comunicado em que sublinha que a oferta de Aveiro permite fazer bombas de calor “particularmente silenciosas, com propano amigo do ambiente como refrigerante” e está enquadrado num “compromisso de longo prazo” da multinacional: investir mil milhões de euros na expansão da sua rede europeia de desenvolvimento e produção até 2030.

“Com Eibelshausen na Alemanha e Tranås na Suécia, Aveiro é um elemento importante da rede europeia de desenvolvimento e produção de bombas de calor” do grupo, afirma a empresa, que anunciou recentemente a decisão de venda da divisão Building Technologies, admitindo que iria afetar a unidade de Ovar, com 1200 trabalhadores, mas sem avançar pormenores.

Ovar é mesmo para sair do universo Bosch

Agora, no comunicado desta quinta-feira, o grupo precisa que a venda da divisão “inclui uma unidade em Ovar com cerca de 1200 pessoas”.

Apresentadas como “componente fundamental de edifícios neutros em carbono”, as bombas de calor são uma aposta do grupo, determinado a investir no seu no desenvolvimento e fabricação “para garantir a possibilidade de aumentar a produção ao ritmo necessário”.

"A Bosch tem como objetivo ocupar uma posição de liderança no mercado internacional de bombas de calor, é por isso que estamos gradualmente a expandir as nossas atividades nesta área", afirma Christian Fischer, vice-presidente do conselho de administração da Bosch, responsável pelos setores de energia e tecnologia de edifícios e bens de consumo da empresa, citado no comunicado.

A divisão Bosch Home Comfort tem por base um portefólio que inclui bombas de calor e outros produtos que a empresa considera "essenciais na descarbonização dos mais de 200 milhões de edifícios localizados apenas na Europa" e quer vender com a etiqueta “Made in Europe”.

O futuro de Aveiro

“Com o amplo investimento e a expansão adicional que está agora a chegar a Aveiro, estamos a impulsionar a eletrificação dos edifícios e a combinar o conforto doméstico com a tecnologia verde”, avança Jan Brockmann, CEO da Bosch Home Comfort, a desenvolver e produzir tecnologias para o aquecimento de água em Aveiro há décadas, tendo aqui o seu centro de desenvolvimento de bombas de calor para o sul da Europa.

De acordo com a informação divulgada pela empresa, Aveiro irá fabricar as unidades exteriores e as unidades interiores para as bombas de calor Compress 5800i AW e Compress 6800i AW da próxima geração, “particularmente silenciosas, e que utilizam o refrigerante ecológico propano”, desenvolvidas em conjunto por equipas de Wernau (Alemanha) e Aveiro, e produzidas numa rede que inclui Aveiro, Eibelshausen e Tranås.

No início do ano, foi iniciada em Eibelshausen uma linha de produção para a unidade interior das bombas de calor da próxima geração, enquanto Tranås fabrica parte das unidades exteriores, aproveitando a sua experiência de muitos anos com a tecnologia.

Portugal e o mundo Bosch

Presente em Portugal desde 1911, o grupo Bosch é um dos maiores empregadores e exportadores do país, com mais de 6584 funcionários (em 31 de dezembro de 2022) e vendas de 2 mil milhões de euros (2021).

O grupo tem unidades em Aveiro, Braga e Ovar dedicadas às áreas de negócio de soluções de mobilidade e energia e tecnologias de edifícios, para a produção de soluções de água quente; sensores automóveis e soluções de infotainment, sistemas de videovigilância e comunicação, mais de 97% dos quais exportados para mercados internacionais.

Em Portugal, a empresa tem ainda centros de desenvolvimento nas diferentes localizações para desenvolver novas soluções a pensar na mobilidade, casas e cidades inteligentes do futuro.

À escala global, o grupo emprega cerca de 421 mil trabalhadores e fatura 88,2 mil milhões de euros.