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Bosch vende negócio que vai afetar a fábrica de Ovar, com 1.200 trabalhadores

Qual o impacto da nova estratégia da multinacional em Portugal é uma pergunta que fica, para já, sem resposta, mas “continuará a investir no país”, garante a direção

Fábrica da Bosch em Ovar
LUCÍLIA MONTEIRO

A Bosch decidiu vender “a maior parte do negócio de produtos” e o realinhamento da Bosch Building Technologies vai afetar a unidade da multinacional alemã em Ovar, onde trabalham 1.200 pessoas.

Qual o impacto concreto da nova estratégia nesta fábrica e nos trabalhadores de Ovar é uma pergunta que fica para já sem resposta. “Não temos ainda elementos para falar sobre isso”, disse apenas ao Expresso fonte do grupo.

Em comunicado, Carlos Ribas, representante da Bosch em Portugal, sublinha que “a decisão tomada pela Bosch nada tem que ver com o desempenho do negócio ou dos colaboradores, mas antes com a estratégia da empresa para o futuro”.

“A Bosch continuará a investir no país e a trazer para cá o desenvolvimento e produção de tecnologias-chave para a empresa”, garante o gestor deste grupo que está em Portugal desde 1911, e, além de Ovar, tem fábricas em Braga, e Aveiro, empregando mais de seis mil trabalhadores.

À procura de “liderança global”

Com vendas superiores a dois mil milhões de euros e lugar garantido no ranking dos maiores exportadores, o grupo tinha anunciado um investimento na ordem dos 200 milhões de euros para Portugal este ano e esse valor não deverá ficar comprometido pela decisão de alienar parte do seu negócio para se focar na integração de sistemas e alcançar “liderança global” nesse mercado.

No futuro, diz o comunicado, a empresa quer focar-se “no negócio integrador regional, com soluções e serviços para a segurança e automação de edifícios, e eficiência energética”. Assim, planeia vender a maior parte do negócio de produtos da divisão Building Technologies, incluindo as unidades de negócios de Vídeo, Acesso e Intrusão e Comunicação, uma decisão que afeta 4.300 trabalhadores em mais de 90 localizações em todo o mundo Ovar, onde tem 1.200 funcionários.

“A Bosch está agora à procura de um comprador que assuma todas estas unidades de negócio com todos os colaboradores e localizações”, diz o grupo que já informou as suas equipas da decisão e todos os trabalhadores afetados pelo “realinhamento estratégico”.

“É necessário consolidar”

O negócio relativo a produtos com sistemas de alarme de incêndio não deverá ser vendido. “Devido à relevância para a integração de sistemas, este negócio de integradores será fundido e continuado”, precisa o comunicado.

Christian Fischer, vice-presidente do conselho de administração da Bosch explica assim o objetivo do grupo: “Queremos tornar-nos num dos líderes globais em integração de sistemas na tecnologia de edifícios e aproveitar as oportunidades favoráveis de crescimento neste mercado. Para atingir este objetivo, é necessário consolidar. É por isso que, no futuro, iremos ter na integração de sistemas o nosso negócio principal”.

“Estamos confiantes de que iremos encontrar um comprador para todas as três unidades de negócios, o que fortalecerá ainda mais o negócio e garantir-lhe um futuro seguro”. acrescentou.

“Futuro promissor nas mãos de um novo proprietário”

Na mesma linha, Thomas Quante, presidente da Bosch Building Technologies, refere que "o negócio de produtos tem uma posição excelente para um futuro promissor nas mãos de um novo proprietário: produtos inovadores, colaboradores altamente qualificados e um ambiente de mercado com oportunidades atrativas de crescimento”.

Após o realinhamento, a divisão Building Technologies empregará cerca de 7.600 colaboradores e operará em 40 localizações em 8 países.

Líder no fornecimento de tecnologia e serviços, o grupo emprega cerca de 421 mil pessoas em todo o mundo, gera uma faturação de 88,2 mil milhões de euros e divide a sua atividade em quatro áreas de negócio: Soluções de Mobilidade, Tecnologia Industrial, Bens de Consumo e Tecnologia de Energia e Edifícios