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O CEO é o limite

Elas fiscalizam mas não mandam: lei das quotas fez oito anos

Oito anos após ter sido criada a lei de quotas, há mais mulheres nos órgãos de gestão das empresas, mas a maioria é nomeada para funções não executivas. “Os homens continuam a dominar os cargos de maior poder e influência”

Carbonero Stock

A lei que enquadra a representação equilibrada das mulheres em cargos de topo nas empresas cotadas e no sector empresarial do Estado (SEE) em Portugal completou oito anos. A chamada “lei de quotas”, criada em 2017, funcionou como uma alavanca para o reforço da presença feminina em cargos de gestão no país. Por força da lei, há mais mulheres em cargos de topo, e em 2024 Portugal até conseguiu ficar alinhado com a média europeia na representação feminina em posições de gestão, com 34,7% de mulheres em cargos de administração nas empresas cotadas em Bolsa, mostra o último “Barómetro do Equilíbrio de Mulheres e Homens nos Órgãos de Gestão das Empresas” (WoBarómetro). Mas o impacto do quadro normativo em vigor é ainda limitado. Na prática, “as empresas fazem o mínimo possível para dizer que cumprem a lei”: a maioria das mulheres nomeadas para funções de gestão em Portugal tem funções não executivas, continuando os homens a “dominar cargos de maior poder e influência”, apontam as investigadoras Sara Falcão Casaca, Maria João Guedes e Susana Ramalho Marques, coordenadoras do estudo realizado para o Observatório Género, Trabalho e Poder do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG).