O projeto H2Sines.Rdam, que foi concebido para produzir hidrogénio verde em Sines e exportá-lo para Roterdão por via marítima, não vai sair do papel, mesmo depois de ter sido incluído numa lista da Comissão Europeia para potencial financiamento comunitário através do Innovation Fund.
O projeto estava a ser desenvolvido por um consórcio que juntava a Engie, a Shell, a Vopak e a Anthony Veder, e previa a instalação de 400 megawatts (MW) de potência de eletrólise em Sines, para a produção de hidrogénio, que seria exportado na sua forma líquida para Roterdão, abastecendo clientes no centro da Europa.
Mas, segundo revelou a publicação especializada Hydrogen Insight, os promotores do projeto desistiram da ideia. “Devido à falta de regulação clara e considerando a atual maturidade do mercado-alvo, bem como a falta de infraestrutura adequada, os vários parceiros do projeto tomaram a decisão de abandonar o projeto em outubro de 2023”, indicou à Hydrogen Insight um porta-voz da Engie.
O H2Sines.Rdam, que visava entregar os primeiros fornecimentos de hidrogénio em Roterdão em 2028, é apenas um de vários projetos de produção de hidrogénio verde que surgiram em Portugal desde 2019.
Nos últimos cinco anos têm sido desenvolvidos diferentes projetos, de escalas distintas, sendo um dos principais o que junta a EDP e Galp em Sines, no consórcio Hytlantic, para lançar o empreendimento GreenH2Atlantic, que terá 96 MW de capacidade de eletrólise (um dos consumidores do hidrogénio verde será a refinaria da Galp em Sines).
Recorde-se que a EDP e a Galp começaram a trabalhar juntas no hidrogénio em 2019, juntamente com outros parceiros, incluindo o empresário Marc Rechter, que defendeu junto do Governo a ideia de um consórcio para um projeto de larga escala de hidrogénio verde. Rechter acabaria por ficar de fora do projeto no ano seguinte, quando estavam a ser ultimados os detalhes para a candidatura desse consórcio ao estatuto IPCEI (projetos importantes de interesse comum europeu).
Rechter apresentaria um projeto concorrente, que não cumpriu os requisitos para poder vir a ser considerado para o estatuto IPCEI (que visava facilitar o acesso a subsídios). As circunstâncias da exclusão de Rechter e do avanço da EDP e Galp no hidrogénio estão a ser investigadas pelo Ministério Público num dos braços da Operação Influencer.
Além do GreenH2Atlantic, há outros investimentos anunciados para Sines na fileira do hidrogénio verde, como é o caso do projeto autónomo da Galp para produzir hidrogénio verde na sua refinaria, em Sines, com um investimento de 217 milhões de euros, que já teve autorização da Agência Portuguesa do Ambiente no ano passado.
Também estão em licenciamento um projeto de 1,5 mil milhões de euros na NGreen Hydrogen para produzir combustível verde para navios, a partir de hidrogénio e dióxido de carbono, bem como um investimento de 400 milhões de euros da Iberdrola para fabricar amoníaco verde a partir de hidrogénio de origem renovável, também em Sines.