Cada euro investido pela bazuca europeia em Portugal resultará num ganho acumulado cerca de cinco vezes superior ao longo dos próximos 20 anos.
É o que revela a avaliação feita pelo ministério das Finanças aos impactos dos investimentos e reformas constantes do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Dessa análise resulta um multiplicador acumulado ao longo de 20 anos de cerca de 4,8.
As contas estão no Programa de Estabilidade para 2021-2025, que revela o multiplicador do PRR não só no longo prazo, mas também no curto prazo.
No imediato, resulta um incremento da taxa de crescimento média anual do PIB de 0,7 pontos percentuais. Ou seja, graças ao impulso destes fundos europeus na economia portuguesa, o PIB de 2025 estará 3,5% acima face ao cenário sem PRR. No conjunto destes cinco anos, cada euro investido pelo PRR traduz-se em 1,4 euros de impacto no PIB
O PRR totaliza €16.643 milhões de fundos europeus do instrumento de recuperação Next Generation EU, dos quais €13.944 milhões de subvenções e €2.699 milhões de empréstimos. O envelope será aplicado entre 2021 e 2016 em 37 reformas e 82 investimentos em áreas muito distintas.
O destaque do ministério das Finanças vai para as fatias dedicadas ao investimento & inovação (24%), habitação e inclusão no mercado de trabalho (19%), descarbonização e redução da dependência energética (16%), educação e emprego (14%), infraestruturas de saúde (8%), infraestruturas de florestas e de gestão hídrica (6%) infraestruturas de transporte (4%) ou infraestruturas da cultura (1%).
Que investimento tem mais impacto?
“Naturalmente, os efeitos das diferentes áreas de intervenção são heterogéneos”, lê-se no Programa de Estabilidade divulgado esta sexta-feira sobre os impactos do PRR na transformação estrutural da economia portuguesa e no seu produto potencial a longo prazo.
Ao fim de 20 anos, em 2041, o produto anual estará 3,1% acima do nível do produto que se registaria sem PRR, com os ganhos resultantes da transformação estrutural a perdurarem ao longo de duas décadas na economia portuguesa.
Pelas contas do ministério das Finanças, o maior ganho a 20 anos virá dos euros que o PRR aplicar em investimento & inovação (+0,94%), educação e emprego (0,78%) e descarbonização e redução da dependência energética (0,48%).
Convém notar que é nesta área do investimento & inovação que estão incluídos os apoios às empresas como as agendas para a reindustrialização e as empresas 4.0, a maior ligação entre as universidades e as empresas, ou as apostas no mar e na bioeconomia.
“Os investimentos em empresas procuram captar a redução de custos de contexto, a promoção da inovação, incluindo, através do desenvolvimento de atividades de investigação e desenvolvimento, o estímulo à internacionalização das empresas, o aumento do investimento em capital físico que melhore o posicionamento concorrencial e diferenciador das empresas, e consequentemente o aumento da competitividade do tecido empresarial”, explica o ministério das Finanças.
Já o maior impacto no emprego, virá, a longo prazo, das reformas e investimentos ligados à área que junta habitação e inclusão no mercado de trabalho (0,35%), educação e emprego (0,27%) e da inovação & investimento (0,08%).
“O investimento em educação é igualmente traduzido na alteração do stock de competências dos trabalhadores e dos estudantes, que se traduz em maior produtividade nas empresas, maior empregabilidade, melhores salários e mais atividade económica”, lê-se também no Programa de Estabilidade.