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10. É verdade que as melgas atacam mais umas pessoas do que outras?

O jornalista Anahad O'Connor, do 'The New York Times', reuniu num livro com um título bem humorado as respostas científicas às perguntas que todos nós fazemos sobre a saúde e o mundo que nos rodeia. E desfaz muitos dos mitos que andam na nossa cabeça desde a infância.

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10. É verdade que as melgas atacam mais umas pessoas do que outras?

Elas são as convidadas indesejáveis que regressam todos os verões. Aparecem em bandos, poisam nos nossos tornozelos e pernas para se banquetearem e provocam ataques de inchaços e "sprays" que nos podem deixar sem respiração - isto é, se você se encontrar entre esses infelizes. (E não estou a falar dos extraviados na série 'Perdidos').

As melgas atacam tudo o que tenha pulsação; até aqui já sabemos. Mas sentem-se na relva com um grupo de pessoas no pico do Verão e não há dúvida de que alguns do grupo terão mais probabilidade de ser um alvo do que outros.

Eu considero-me um dos desgraçados. Posso estar sentado numa sala com uma dúzia de pessoas, mas se existe uma melga ali no meio, é garantido que vai poisar em mim. Pior ainda, ao mesmo tempo que eu sou atacado sem piedade, outros mesmo ao meu lado permanecem sempre livres de picadas. É de loucos.

Então, porque é que estes chupadores de sangue mais que incómodos acham alguns de nós muito doces e ignoram todos os outros? Acontece que todos temos os odores e químicos que as melgas acham atraentes. Alguns de nós somos simplesmente melhores a disfarçá-los do que outros.

As melgas fêmeas - as únicas que mordem - são atraídas pelo dióxido de carbono que exalamos, pelo calor do nosso corpo e pelos químicos no suor, como o ácido láctico. Obviamente cada ser humano tem estas coisas em comum, e também os nossos companheiros animais de sangue quente.

Mas os cientistas descobriram que as pessoas resistentes à picada produzem cerca de uma dúzia de componentes que ou impedem que as melgas as detectem ou as afastem. As pessoas como eu, que somos picadas frequentemente, carecem dessas componentes que podem mascarar o cheiro.

Os cientistas britânicos descobriram isto pela primeira vez há alguns anos depois de fazerem investigação no gado. Quando estavam a observar diferentes manadas, repararam que o número de melgas que apareciam dependia da presença de certas vacas.

Quando estas vacas eram levadas para outra manada, as melgas seguiam-nas. Os investigadores descobriram mais tarde que estas vacas individuais estavam a emitir odores diferentes. Mais tarde confirmaram o mesmo fenómeno em humanos.

Porque é que algumas pessoas e animais têm este escudo incorporado ainda não se sabe. Pode ter tido algum objectivo evolutivo crucial, como proteger-nos da malária e outras

doenças transmitidas por mosquitos. Mas se você ainda não tiver o escudo, não desespere. Pode tornar-se menos atractivo usando desodorizantes sem cheiro, loções e sabonetes. Repelentes feitos com dietiltoluamida também podem fazer toda a diferença.

Um estudo publicado no 'New England Journal of Medicine' em 2002, descobriu que os borrifos mesmo com pequenas quantidades desta substância protegem os utilizadores durante cerca de cinco horas, enquanto pulseiras especiais e "sprays" com "citronella" os protegiam apenas durante alguns minutos.

Também pode ter ouvido a história da avozinha que diz que se afastam os mosquitos e melgas comendo alho, bananas e outros alimentos. Não acredite nisso. Não há provas que apoiem nada disto. O melhor será treinar-se para vir a ser um mestre em mata-moscas, como eu. Ou simplesmente espalhe um pouco de mel na pessoa sentada ao seu lado. Dali a pouco, eles saberão como é a raiva de uma melga sedenta de sangue.

O jornalista Anahad O'Connor, do 'The New York Times', reuniu num livro com um título bem humorado as respostas científicas às perguntas que todos nós fazemos sobre a saúde e o mundo que nos rodeia. E desfaz muitos dos mitos que andam na nossa cabeça desde a infância.

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