Parece o título de um livro de humor, mas não é. Trata-se antes de uma obra bem humorada de Anahad O'Connor, jornalista e colunista norte-americano de ciência e saúde do 'The New York Times', que reuniu num livro, já editado em português (pela Dom Quixote), as respostas científicas a mais de 100 perguntas sobre factos e mitos que todos nós costumamos fazer a respeito da nossa saúde e do mundo em que vivemos.
O'Connor recorreu a dezenas de jornais e revistas médicas, entrevistou muitos cientistas e especialistas e fez uma revisão a todos os conselhos que os nossos avós, pais, amigos ou professores nos têm feito ao longo da vida sobre remédios caseiros, "nesta era de estudos académicos controlados, de montanhas de livros de auto-ajuda e da expansão de bases de dados na Internet sobre sintomas e tratamentos", onde "parece que há muito mais respostas do que perguntas".
A natureza humana, o sexo, a sobrevivência dos mais aptos, a alimentação, o planeta tóxico, os germes, os remédios das mães, os maus hábitos, os riscos da tecnologia, os perigos da vida ao ar livre, e o sono, são os 11 capítulos em que o jornalista dividiu o livro. Eis 11 das perguntas (e respostas) mais relevantes, uma de cada capítulo.
1. Cortar o cabelo faz com que fique mais forte?
Quase todos nós crescemos convencidos de que a teoria era verdadeira. Mas, apesar do que possam pensar milhões de pessoas, rapar ou tirar pêlos com cera em qualquer parte do nosso corpo não vai acelerar o seu crescimento, engrossá-lo ou mudar a sua textura.
Não está exactamente claro quando é que nasceu este mito, mas há mais de meio século que se regista na literatura científica. Os primeiros estudos para mostrar que cortar o cabelo não faz estimular o crescimento foram realizados na década de 20, e foram levados a cabo muitos outros desde então. Todos tiveram os mesmos resultados: o comprimento, textura e grossura do cabelo são determinados pela genética e pelos níveis hormonais e não pela frequência com que nos barbeamos, tiramos com a pinça ou depilamos os nossos pêlos.
Mas, segundo os dermatologistas, há várias razões que levam a que se crie a ilusão de que cortar o cabelo regularmente o faz nascer mais depressa e mais forte. Muitas pessoas - eu incluído - começam a barbear-se muito cedo, quando os pêlos ainda só mudaram ligeiramente de cor ou não crescem à velocidade que supostamente deveriam. Como os pêlos ou cabelos são mais escuros e grossos na raiz, tirar as pontas dá a aparência de ter pêlos mais fortes.
A pequena barba eriçada que emerge depois de uma pessoa se barbear também se vê melhor do que a mesma quantidade de pêlo que já está comprida. Além disso, muitas pessoas não se apercebem de que o cabelo que vemos à superfície do couro cabeludo já é cabelo morto, o que significa que cortá-lo não afecta em nada a zona que está viva e que não vemos por debaixo do couro cabeludo. Independentemente da frequência com que corta o seu cabelo, ele irá sempre crescer à velocidade de cerca de 1,30 mm por mês.
Por isso, os homens e os rapazes que se barbeiam não irão acelerar o crescimento da sua barba à lenhador tão ansiosamente desejada e - felizmente para elas - as mulheres que depilam os seus buços não irão desenvolver verdadeiros bigodes.
Até 30 de Janeiro, publicaremos a resposta a uma pergunta de Anahad O'Connor, dia sim, dia não. Aproveite e deixe a sua opinião.