Cinema

Queer Lisboa 2025 arranca com 100 filmes e foco em transfobia, migrações e ativismo queer

Festival Queer Lisboa destaca histórias de superação e enfrenta os dilemas sociais e políticos do presente

"Llueve sobre Babel”, de Gala del Sol

O festival de cinema Queer Lisboa propõe, a partir de hoje, uma programação que é "um espelho do conturbado mundo de hoje", mas também relembra "histórias de superação" e "lições do passado recente da cultura queer".

É assim que se apresenta a 29.ª edição do festival Queer Lisboa, que se estende até ao dia 27 com cerca de uma centena de filmes de temática 'queer' no cinema São Jorge e Cinemateca Portuguesa.

O cinema escolhido para esta edição "fala sobre as crescentes expressões de transfobia, a moralista gestão das pessoas migrantes na Europa, do hediondo genocídio na Palestina, do discurso público dominado pelo conservadorismo, de regimes autoritários, dos abusos sexuais à mão da Igreja, mas também de ativismo queer", como se lê na programação.

O Queer Lisboa vai exibir, entre outros, "Ceci est mon corps", de Jérôme Clément-Wilz, "sobre abusos sexuais e morais na Igreja", e "Tese sobre uma domesticação", de Javier van de Couter, protagonizado pela escritora e atriz trans argentina Camila Sosa Villada e inspirado num romance seu, publicado este ano em Portugal.

O 'biopic' "Homem com H", do realizador Esmir Filho, sobre o artista brasileiro Ney Matogrosso, uma seleção de curtas-metragens, "No Pride in Genocide", com curadoria do coletivo Queer Cinema for Palestine e uma retrospetiva sobre o cineasta francês Lionel Soukaz, que morreu em fevereiro aos 71 anos, também passam no Queer Lisboa.

No cinema português, a organização destaca a estreia lisboeta de "Neko", de Inês Oliveira, "sobre uma experiência trans iniciadora vivida no seio de um grupo de adolescentes numa gentrificada Lisboa".

O festival apresenta também os documentários "Esta Mulher É um Homem", de André Murraças e Flávio Gil, e "O Meu Reino para um King", de Sónia Baptista e Raquel Melgue.

As honras de abertura do Queer Lisboa cabem ao filme "Plainclothes", do norte-americano Carmen Emmi, uma "história de amor com forte matriz social, passada numa década abalada pelo VIH/Sida".

O Queer Lisboa apresenta-se como "o único festival de cinema nacional com o propósito específico de exibir filmes de temática gay, lésbica, bissexual, transgénero, transsexual, intersexo e de outras sexualidades e identidades não-normativa".

Alguma da programação estará também no festival Queer Porto, marcado de 04 a 08 de novembro.