No princípio, “Afire” parece um filme de horror, um daqueles em que os passageiros de um carro empanado ficam apeados em estrada de nenhures e se aventuram pela floresta para atalhar caminho que mais depressa os leve ao destino. Petzold trata uma vez mais os géneros cinematográficos com enorme subtileza. Os passageiros são Leon (Thomas Schubert) e Felix (Langston Uibel), este último tem uma casa de família numa praia no Báltico. O tempo é de veraneio, mas até no verão aquele norte da Alemanha é agreste e ventoso. O vento não ajuda em nada o combate aos incêndios que têm alastrado por ali. Felix quer divertir-se. Leon mostra o pior de si: é um resmungão que vai de férias com as provas de um romance para terminar. Este é o retrato de um artista enquanto... idiota, para citar parte de um título de Joyce que, por sua vez, é pelo filme citado. E não é pouco o pouco que este filme fará dele.
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Festival de Berlim: Christian Petzold tenta a comédia – e é um triunfo absoluto
A Berlinale guardou um número invulgar de bons filmes para a segunda metade do concurso, com saliência para “Afire”, o novo do cineasta alemão. A estes se juntam “Tótem”, da mexicana Lila Avilés, e sobretudo “Limbo”, do australiano de origem aborígene Ivan Sen