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Exposição gratuita em Lisboa faz viagem ao reino de Alexandre O'Neill no seu centenário

Esta quinta-feira, 19 de dezembro, dia em que se assinala o centenário de Alexandre O'Neill, inaugura-se na Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa, uma exposição evocativa de alguns dos momentos mais significativos do percurso intelectual do poeta. A mostra é de entrada livre e pode ser vista até 8 de março

Alexandre O'Neill, 100 anos
D.R.

Uma exposição evocativa de alguns dos momentos mais significativos do percurso intelectual de Alexandre O'Neill vai estar patente na Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa, a partir desta quinta-feira, 19 de dezembro, data em que se assinala o centenário do poeta.

"No reino de O'Neill" é o título da mostra, de entrada livre, que vai estar na sala de exposições da Biblioteca Nacional de Portugal (BNP) até dia 8 de março de 2025, anunciou a instituição em comunicado.

Esta exposição, comissariada por Joana Meirim, surge sob o pretexto de celebrar os 100 anos de um poeta que foi um dos responsáveis pelo encontro de Portugal com o surrealismo.

"Se Alexandre O'Neill mostrou por vezes reservas quanto à longevidade da sua obra, o tempo tem vindo a mostrar que é seguramente uma das vozes mais singulares da literatura portuguesa", destaca a BNP.

O objetivo não é abarcar todas as vertentes da atividade criativa do poeta surrealista, mas dar a ver alguns dos momentos mais significativos do seu percurso intelectual, a partir de elementos do seu espólio, doado à BNP pela família.

"Assim, propõe-se um percurso por diferentes lugares da obra e da vida de Alexandre O'Neill, procurando revelar dimensões menos conhecidas deste autor", acrescenta.

Igualmente coordenado por Joana Meirim, a BNP tem desde 2020 um 'site' sobre Alexandre O'Neill, que se debruça sobre todas as suas facetas, desde a vida à obra, passando pelo homem e pelo poeta.

Intitulado "Site do O'Neill", contém um caleidoscópio de informações sobre o poeta surrealista, visto por ele próprio, a sua figura vista por outros, as múltiplas facetas da vida que percorreu, o espírito inventivo e crítico das suas atividades, o seu humor e a literatura que deixou.

Esta página tem ainda uma entrada para a rede de bibliotecas de Constância -- a vila onde o poeta morava por temporadas e a quem o filho doou o espólio bibliográfico do pai -, onde se pode consultar virtualmente todos os livros que pertenceram a Alexandre O'Neill, muitos deles com anotações suas ou dedicatórias dos autores.

Nascido em 19 de dezembro de 1924 em Lisboa, Alexandre O'Neill foi escriturário até 1952, começou a escrever prosa e poesia para vários jornais em 1957 e iniciou-se como redator de publicidade em 1959.

Ficaram famosos alguns 'slogans' que criou, como "Há mar e mar, há ir e voltar" - depois de chumbada a versão "Passe um verão desafogado" -, "Vá de metro, Satanás", "Com colchões Lusospuma você dá duas que parecem uma" e "Bosh é Brom".

Tendo sido um dos fundadores do Grupo Surrealista de Lisboa, desvinculou-se a partir de "Tempo de Fantasmas" (1951), embora a sua passagem pelo grupo marque a sua postura estética, conservando na sua poesia algumas características do movimento, como é o caso do tom mordaz e em certo sentido absurdista na forma de analisar o mundo.

Amante do jazz, do cinema e do teatro modernos, Alexandre O'Neill fez traduções, escreveu guiões para cinema e manteve algumas colunas de jornal durante vários anos. Da sua obra destacam-se obras como "No Reino da Dinamarca" (1958), "Feira Cabisbaixa" (1965) ou a reunião de contos e crónicas em "Uma Coisa em Forma de Assim" (1980).

Alexandre O'Neill morreu em Lisboa a 21 de agosto de 1986, aos 61 anos.